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Clima altera produção de leite no Brasil e reduz oferta

O cenário de preços de leite e derivados se alterou ao longo do último mês, resultado de um clima quente e seco, que prejudicou a oferta, e de bons indicadores econômicos, que estimularam a demanda.
Foto: Jaelson Lucas/Arquivo AEN

O mercado internacional segue indicando baixo crescimento da oferta de leite nos principais países exportadores. Estados Unidos, com recuo no rebanho leiteiro, vem desacelerando a produção. Argentina e Uruguai, com problemas climáticos e de rentabilidade, também vêm apresentando queda da produção de leite até o momento.

Na União Europeia, a produção se recuperou um pouco, mas ainda de forma irregular entre os países do bloco e com queda no mês de julho. Finalmente, na Oceania, há um cenário um pouco melhor na oferta da Austrália e da Nova Zelândia, com tendência de alta. Portanto, no geral, a situação de oferta segue limitada, dando sustentação aos preços internacionais, com leite em pó integral no patamar de US$3.500/tonelada. É importante destacar também a instabilidade e os conflitos no Oriente Médio, prejudicando escoamentos pelo Mar Vermelho e afetando o custo logístico entre Oceania/Ásia e Norte da África/Europa.

No Brasil, o cenário de preços de leite e derivados se alterou ao longo do último mês, resultado de um clima quente e seco, que prejudicou a oferta, e de bons indicadores econômicos, que estimularam a demanda.

Pelo lado da demanda, os indicadores de mercado de trabalho (emprego e renda), crédito e auxílios de programas sociais têm impulsionado as vendas. O número de pessoas ocupadas atingiu 102 milhões em julho e a massa de salários na economia (número de ocupados vezes o salário médio) cresceu 7,5% no período de janeiro a julho na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume de crédito para pessoa física atingiu R$316 bilhões no acumulado em 12 meses até julho de 2024, crescendo 15,5% em relação ao período anterior. Como consequência, as famílias têm aumentado seu consumo, com as vendas de supermercado subindo 5,5% em 12 meses até o mês de julho.

Por outro lado, a oferta nacional de leite vem mostrando crescimento tímido, com o primeiro semestre registrando expansão de apenas 1,58%, ajustado por dia. As enchentes que causaram perdas no Rio Grande do Sul e posteriormente, o clima quente e seco em boa parte das regiões produtoras do País limitou a expansão da produção e deu sustentação aos preços, mesmo com elevação das importações.,

No campo, o preço do leite ao produtor, que havia recuado em julho, voltou a subir em agosto e se manteve firme em setembro. No mercado atacadista, a valorização também ocorreu nos diversos derivados ao longo do mês de setembro. Isso deu sustentação às cotações também no mercado Spot.

Para os próximos meses, espera-se alguma recuperação da oferta, com os volumes de chuva aumentando ao longo de outubro e proporcionando maior crescimento das pastagens. Como a produção do Brasil ainda possui uma sazonalidade importante, a tendência é de mais leite ofertado nos próximos meses. Esse crescimento da oferta também deverá ser estimulado por melhorias na rentabilidade das fazendas ao longo de 2024.

É importante também acompanhar o período de plantio da safra de verão de grãos no Brasil, cujos preços de importantes insumos como milho e soja, acabam ficando com maior volatilidade. As incertezas climáticas podem trazer incrementos nestes preços. Nas últimas semanas houve valorização do milho e do farelo de soja no mercado brasileiro, devido a atrasos no início do plantio. Mas, as perspectivas seguem positivas para o setor lácteo em 2024, com custos relativamente acomodados e um bom volume de vendas, que vem absorvendo a oferta interna e os produtos importados. O crescimento econômico para 2024 está previsto em torno de 3,0%, o que também é positivo.

No entanto, é sempre bom lembrar para o foco em gestão de fazendas e de laticínios, na perspectiva de obtenção de melhores resultados econômicos. O setor lácteo brasileiro vem passando por transformações e consolidação, tendência que deve seguir ao longo dos próximos meses e anos. Portanto, buscar sempre melhorar a eficiência produtiva, o emprego de tecnologias e a inovação em produtos e processos é o caminho para seguir em atividade no setor lácteo brasileiro.

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