Com a proximidade das eleições presidenciais norte-americanas, acende-se o alerta sobre a possível escolha por Donald Trump ao posto da Casa Branca, visto as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China que interferem, diretamente, no mercado global de soja.
Em 2018, o Brasil se beneficiou amplamente da guerra tarifária entre essas duas potências, conquistando maior protagonismo nas exportações para o gigante asiático.
Para o líder de inteligência e estratégia da consultoria Biond Agro, Felipe Jordy, atualmente consolidado como o maior produtor e exportador de soja do mundo, o impacto de um novo embate entre norte-americanos e chineses pode ser relevante ao país, mas não tão intenso quanto no passado.
Safra 24/25 de soja
A safra 2024/25 de soja no Brasil deve atingir 164,8 milhões de toneladas, consolidando ainda mais o país como o principal fornecedor de soja para a China, de acordo com projeção da Biond Agro.
“Ao contrário de 2018, o Brasil agora ocupa uma posição dominante no mercado de soja. Mesmo com uma nova guerra comercial, o impacto nos prêmios será mais contido, já que a China já vê o Brasil como seu principal parceiro”.
Contudo, diante de mais uma safra recorde, com grande parte da produção destinada à exportação (cerca de 65%), o mercado brasileiro depende fortemente das compras chinesas para manter a liquidez dos produtores.
Assim, se o consumo asiático não absorver a produção, os prêmios poderão sofrer pressão negativa, especialmente durante a colheita.
“Com uma oferta abundante de soja, a China pode negociar prêmios mais baixos, afetando diretamente a rentabilidade dos produtores. Uma safra recorde, somada ao poder de barganha da China, cria um cenário desafiador para os prêmios brasileiros”, explica Jordy.
Prêmios em 2018
Em 2018, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China deslocou a demanda de soja chinesa para o Brasil, elevando os prêmios de exportação. Na época, os prêmios nos portos brasileiros chegaram a mais de US$ 2,5 por saca, impulsionados pela alta demanda.
Porém, o cenário atual é diferente: o Brasil já é o maior fornecedor global de soja e qualquer novo confronto tarifário entre os norte-americanos e os chineses terá um impacto mais moderado.
Segundo a Biond Agro, o Brasil já ocupa uma posição dominante no mercado e enfrenta desafios logísticos e de armazenagem que podem aumentar a pressão sobre os preços.