A oposição ironizou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de escolher a presidente do PT e a deputada Gleisi Hoffmann (PR) como ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). A avaliação é de que a mudança facilitará o trabalho contra o governo no Congresso.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, disse que a decisão de Lula é um “presente” para os adversários. “Para nós que somos oposição, é mais do mesmo; mas com certeza desagrada o centrão. Para nós do PL, foi um grande presente do Lula”, declarou.
O deputado Luciano Zucco (PL-RS) afirmou que a escolha vai dificultar a relação do governo com o Congresso.
“O governo, que já enfrenta uma crise de credibilidade, opta por colocar à frente do diálogo com o Congresso uma figura cuja trajetória política é marcada por conflitos, radicalização ideológica e dificuldades na construção de consensos. Só falta a Janja na Casa Civil para piorar ainda mais os ministérios”, afirmou em nota.
No Senado, um líder oposicionista, sob reserva, disse que os parlamentares estão “estarrecidos” com a decisão do presidente. Ele afirmou que a oposição não esperava que Lula tomasse uma decisão que, na visão deles, pode dificultar o diálogo com o Congresso e tornar o embate legislativo mais favorável à oposição.
A nomeação de Gleisi Hoffmann ocorre após a saída de Alexandre Padilha da Secretaria de Relações Institucionais para assumir o Ministério da Saúde. A mudança foi oficializada nesta sexta-feira (28) pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), que informou que Lula se reuniu com Gleisi pela manhã e a convidou para assumir o cargo. A posse está marcada para o dia 10 de março.
Padilha foi realocado para a Saúde após a demissão da ministra Nísia Trindade. Sua troca faz parte de uma movimentação mais ampla do governo, que busca reorganizar sua base no Congresso e fortalecer a articulação política.
Desafios na articulação
A principal missão da nova ministra será lidar com o centrão e garantir votos para pautas de interesse do governo no Congresso. Apesar de ter boa relação com alguns líderes do bloco, a avaliação entre parlamentares é que ela pode enfrentar resistência no plenário, especialmente de setores que já criticavam sua postura como presidente do PT.
A escolha de Gleisi Hoffmann reforça a influência do núcleo petista dentro do governo e pode gerar dificuldades na relação com partidos do centrão, que vinham demandando maior espaço na articulação política.