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O crescimento da pobreza entre idosos e suas consequências – Dilceu Sperafico

O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.
(Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

O Dia Internacional do Idoso transcorrido em 1º de outubro, não teve muito o que comemorar. O percentual de idosos e de mais pobres está em expansão no Brasil. As pessoas mais velhas do País passaram de 7,72% para 10,49% da população, com ampliação também acompanhada do aumento de cidadãos dessa faixa etária na linha da pobreza. Enquanto em 2012, 2,9% da população em situação de pobreza era composta por idosos e em 2022 esse percentual subiu para 4,2%.

Em números absolutos, trata-se de aumento de 2,0 para 2,8 milhões de idosos vivendo abaixo da linha de pobreza. No que se refere à população extremamente pobre, o percentual de idosos subiu de 1,4% para 3,1%, o que representa aumento absoluto de 216 mil idosos em situação de pobreza em uma década.

De acordo com estudiosos do assunto, a pobreza no Brasil vai, aos poucos, se tornando mais adulta e mais idosa do que era há alguns anos. Isso significa que as políticas públicas terão que se adaptar a esse novo perfil. Atualmente, programas de alívio da pobreza são voltadas principalmente para a população jovem, como o Bolsa Família, por exemplo, mas será necessário expandir e melhorar políticas como a aposentadoria, a previdência social e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

A aposentadoria, por exemplo, pode garantir que idoso morando sozinho esteja acima da linha da pobreza, mas se divide residência com outras pessoas da família, no entanto, já pode ficar abaixo. Segundo pesquisadores, mais importante do que criar novas políticas públicas é qualificar as existentes, que já oferecem proteção social para os mais velhos, o que é percebido diante da ainda baixa presença deles no total da população mais pobre.

A problema de mais difícil solução, ao que parece, é o crescimento do número de pessoas mais jovens que moram com parentes idosos, pois os filhos estão casando cada vez mais tarde e só deixando a residência dos pais e/ou avós no caso de ir estudar ou trabalhar em outra cidade e até país.

Na verdade, a principal motivação para reunião familiar sob o mesmo teto que tem crescido em todas as faixas sociais é a econômica, pois para morar em seu próprio lar, casando ou não, o jovem tem de adquirir ou alugar imóvel e bancar todas as despesas da residência.

Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que mudança de atitude ocorre em todas as camadas sociais, com destaque para a classe “C”, onde o avanço foi maior no período do levantamento, de 2012 a 2022. De classe A para B, 24,97%; para C, 25,05%; para D, 14,11%; e para E, de 5,93%.

Conforme especialistas, são vários os fatores que levam a esse novo cenário, onde filhos demoram mais para sair da casa dos pais e avós ou voltam para morar com eles, principalmente diante de crises financeiras. Prova disso é que quando ocorreu a grande recessão econômica e social de 2015 no Brasil, a proporção de pessoas que foram morar com idosos se elevou em 15%.

Além disso, é preciso considerar que em muitos casos os mais idosos não podem residir sozinhos e na falta de filhos e netos, têm de contratar cuidadores. Assim, jovens resgatam o hábito de cuidarem dos familiares idosos, não apenas para devolver parte do amor e carinho recebidos na infância, mas como alternativa para reduzir despesas de todos os envolvidos.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

E-mail: [email protected]

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