Como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos de qualidade, diversidade e sustentabilidade do mundo, o Brasil começa a se destacar também com o crescimento do rebanho de ovinos, o que está levando produtores a cobrar ações mais assertivas do poder público e empresas do setor, para popularização de produtos do segmento, dentro e fora do País. Os criadores igualmente defendem legislação que atenda aos anseios de pequenos proprietários rurais e consumidores de proteína animal. A carne ovina, vale lembrar, está entre as mais consumidas no Pampa sul-americano, que abrange parte do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), instituição pública ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que desenvolve tecnologias e apoia a agropecuária nacional, está havendo aumento do número de rebanhos ovinos no País, com ampliação da oferta de animais para abate, especialmente no Sul e Nordeste, as duas principais regiões produtoras do setor. De acordo com a instituição, o rebanho total da ovinocultura no País cresceu 4,5% entre 2021 e 2022.
Conforme dados recentes disponíveis, o rebanho ovino do País em 2021 era de 32,4 milhões de cabeças, das quais 20,5 milhões de ovinos e 11,9 milhões de caprinos, se elevando para 33,88 milhões no ano seguinte, com 21,51 milhões de ovinos e 12,36 milhões de caprinos. A criação de ovinos teve elevação de 4,94% e a de caprinos cresceu 3,91% no período. Os dados de crescimento do rebanho ovino brasileiro são do último censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)), realizado em 2022.
Conforme especialistas da Embrapa Caprinos e Ovinos, o crescimento da ovinocultura no Brasil foi resultado da elevação do número de estabelecimentos agropecuários que buscam novas fontes de renda e a diversificação de suas atividades produtivas, através da oferta de novos produtos alimentares. Os produtores estão expandindo a produção utilizando recursos tecnológicos modernos, com ganhos na profissionalização da atividade e nas receitas das propriedades. Em outras palavras, a expansão do rebanho ovino brasileiro esboça tendência de retomada de importância econômica e de crescimento da atividade no País.
Essa tendência, segundo especialistas e criadores, poderá ter efeito multiplicador positivo e contribuir para o desenvolvimento de todas as atividades da ovinocultura brasileira, com expansão da demanda de carne ovina, na medida em que a proteína se tornar mais conhecida da população urbana, especialmente dos maiores centros urbanos. Conforme a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), há espaços para a criação de ovelhas crescer no País, pois o atual rebanho está muito aquém das necessidades e potencialidades do mercado consumidor.
Prova disso, é que o rebanho de 20 milhões de ovinos já era mantido somente no Rio Grande do Sul até a década de 1980. Já no Oeste do Paraná, especialmente em Toledo, a atividade vem crescendo, dispondo, inclusive, de Cooperativa dos Produtores de Ovinos e Caprinos do Oeste do Paraná (Coovicapar), ocupando área de 36,3 m2, no distrito de Vila Nova, com planta frigorífica em operação, além de diversos criadores de ovinos de alta qualidade, até porque no novo cenário a expectativa é que a lã perca espaço para a carne como principal produto do setor.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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