A importância e urgência de melhorias na logística do Sul do Brasil – Dilceu Sperafico

O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.
(Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

A Região Sul do Brasil, formada pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é responsável por mais de 16% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, com crescimento de taxas de 8,0% ao ano, mas prossegue enfrentando desafios urgentes de transformar planejamento logístico em execução de obras projetadas. A conclusão foi do Seminário Logística no Brasil, do dia 26 de agosto último, em Curitiba, reunindo autoridades, empresários e especialistas, para debater soluções para modernização da infraestrutura da região, que é estratégica para o agronegócio e a indústria do País. Durante o evento, o coordenador-geral de Política de Planejamento do Ministério dos Transportes, Rodrigo Ferreira, defendeu que o Plano Nacional de Logística (PNL) busca ser mais do que documento técnico. “O planejamento é processo, não apenas relatório. É preciso atender demandas da sociedade e dar previsibilidade ao setor privado”, afirmou.

Já Marcelo Vinaud Prado, diretor de Mercado e Inovação da Infra SA, órgão do Governo Federal, ressaltou a importância dos planos estaduais de logística no Sul, elaborados em conjunto pelo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para ele, a região tem “imensos desafios e oportunidades”, com destaque para a modernização da malha ferroviária, melhorias de rodovias e ampliação da infraestrutura portuária. “Há cultura de acreditar no planejamento e o atual desafio é garantir sua execução, com projetos sustentáveis e resilientes”, ressaltou. As rodovias, como principal modal para escoamento da produção, voltaram a ser elencadas como ponto de atenção pelo presidente da Federação de Empresas Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli.

Para ele, os gargalos rodoviários ameaçam o crescimento do setor produtivo da região. Também cobrou a duplicação da BR-277 e criação de novos acessos ao litoral. “Temos só uma estrada chegando a Paranaguá. Se não resolvermos o problema logo, em poucos anos o escoamento estará colapsado”, destacou.

O importante seminário mostrou que, apesar da eficiência crescente de portos e avanços em planejamento, a Região Sul ainda enfrenta estrangulamentos em rodovias, ferrovias e na diversificação da matriz logística. A mensagem do evento foi clara. Sem execução consistente, o Brasil continuará acumulando planos enquanto perde competitividade global. O setor produtivo também manifestou preocupação com a competitividade internacional. Especialistas ressaltaram que gargalos logísticos encarecem as exportações e o Brasil precisa abrir novos mercados diante de barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos.

A necessidade de continuidade nos investimentos para avanços da logística no Sul do País foi consenso. O presidente do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) e ex-governador Orlando Pessuti, afirmou que obras estruturais não podem ser interrompidas a cada troca de gestão. “Falta visão de longo prazo. Precisamos pensar como País e não apenas em mandatos”, disse. Já o superintendente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, reforçou que a indústria regional cresce a taxas de 8,0% ao ano, mas depende de infraestrutura para manter a competitividade. “Não adianta apenas planejar. Ou executamos os projetos ou teremos que pedir para nossa indústria parar de crescer, porque não haverá como escoar a produção”, alertou.

*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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