Adolescente que atacou escola no RS agiu sozinho, diz delegado

Delegado afirma que jovem de 16 anos agiu sem cúmplices.
(Foto: Reprodução/ RBS TV)

O adolescente de 16 anos que cumpre medida socioeducativa após o ataque à Escola Municipal Maria Nascimento Giacomazzi, em Estação, no Norte do Rio Grande do Sul, agiu sozinho, concluiu o delegado Jorge Fracaro Pierezan, que conduziu a investigação.

O ataque deixou uma criança, Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, morta, além de duas estudantes e uma professora feridas.

A perícia realizada em celulares da família apontou que o jovem participava de comunidades online que abordavam o tema de ataques, ainda que de forma superficial, segundo o delegado. A Polícia Civil concluiu a investigação na quarta-feira (16), e o caso será encaminhado ao Ministério Público.

Imagens de câmeras de segurança mostram o trajeto do agressor no dia 8 de julho: ele saiu de casa, foi até um bazar onde comprou bombinhas para assustar os alunos, voltou para casa e, em seguida, dirigiu-se à escola. A escolha da Escola Maria Nascimento Giacomazzi teria sido aleatória, conforme a apuração.

A Polícia Civil optou por não divulgar detalhes mais profundos. Para o delegado, o foco deve estar nas vítimas, nos profissionais que agiram para proteger os alunos e na necessidade de discutir formas de prevenção. Ele destacou que a escola havia realizado um treinamento de evacuação uma semana antes do ataque.

“Isso foi fundamental. As crianças souberam como agir diante do perigo. A escola foi esvaziada em dois minutos.

Uma professora, ao perceber a situação, abriu os portões — que normalmente ficam trancados — e criou uma rota de fuga. Se os portões estivessem fechados, os alunos ficariam encurralados. As crianças correram como haviam aprendido; apenas uma chegou a cair”, relatou.

O delegado também chamou atenção para a importância de um olhar mais atento dentro das escolas.

“Muitas vezes, o foco está no aluno que incomoda, que desobedece, que enfrenta. Mas o problema pode estar justamente naquele que é retraído e silencioso.”

Nesta quinta-feira (17), o psiquiatra que acompanhava o adolescente deverá prestar depoimento. Até a mais recente atualização desta reportagem, ele ainda não havia sido ouvido pela polícia.

A investigação conclui o caso como ato infracional análogo a homicídio consumado, além de cinco atos infracionais análogo a tentativas de homicídio contra outras crianças e uma professora feridas no ataque, e de uma tentativa contra todos os presentes na escola naquele dia.

O adolescente permanece internado provisoriamente em um centro de atendimento socioeducativo da Região Norte desde o dia do ataque. A internação, que tem duração inicial de 45 dias, poderá ser estendida por decisão judicial, com possibilidade de até três anos de medida socioeducativa.

Confira a nota da polícia:
A Polícia Civil informa que foi concluída, na presente data, a investigação sobre o ato infracional ocorrido nas dependências da Escola Maria Nascimento Giacomazzi, no município de Estação.

O adolescente infrator foi responsabilizado pela prática de homicídio qualificado consumado (1x) e por todas as tentativas de homicídio ocorridas no local (39x).

As apurações demonstraram que o ato foi praticado de forma isolada, sem a participação de terceiros, sendo uma iniciativa exclusiva do próprio autor.

No curso da investigação, foram adotadas todas as diligências cabíveis, com a análise detalhada da dinâmica dos fatos, comportamento do criminoso, de seus deslocamentos, contatos, motivações e demais aspectos relevantes à completa elucidação do crime.

Em razão do sigilo que recai sobre o procedimento de apuração de ato infracional e sobre o processo judicial, não é possível divulgar informações adicionais neste momento.

A Polícia Civil reitera seu compromisso com a verdade e com a responsabilização de condutas graves, colocando-se à disposição e manifestando solidariedade às vítimas, seus familiares e à comunidade escolar.

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