Alep promove audiência pública para debater preço do leite no Paraná

Segundo deputados, preço do leite e concorrência estrangeira precisam ser debatidas com produtores locais e agricultores familiares.
Foto: Arnaldo Alves /Arquivo AEN

A Assembleia Legislativa do Paraná promove, na próxima terça-feira (21), a audiência pública “Crise no Preço do Leite”, para valorizar os produtores locais e a agricultura familiar e “impedir a concorrência desleal do leite reconstituído de origem estrangeira”, segundo a instituição. O encontro será às 9h, no plenário da Casa.

A audiência pública foi proposta pelos deputados Luis Corti (PSB), Reichembach (PSD) e Luciana Rafagnin (PT), e deve reunir, além dos parlamentares, representantes do governo, entidades de classe e produtores de todo o Estado.

Segundo os deputados responsáveis pela ação, a queda do valor pago aos produtores de leite é um dos principais desafios do setor. De acordo com eles, o leite em pó importado do Mercosul é reidratado em território nacional, e chega nos mercados com preços menores do que o leite in natura, produzido no Paraná.

“Essa audiência pública é um marco na luta por um preço justo e por respeito ao trabalho de quem vive do leite. Tenho tratado desse tema há anos. Dialogando com produtores, indústrias e com o Governo do Estado, busquei apoio e apresentei projetos que avançaram nas comissões em defesa do produtor. Agora estamos muito perto de ver esse esforço se transformar em resultado concreto. É uma luz no fim do túnel para o produtor de leite do Paraná”, afirmou Corti.

Entre as principais bandeiras defendidas pelo deputado está a proibição da reidratação de leite em pó importado para comercialização como leite fluido — tema central do Projeto de Lei nº 888/2023, de sua autoria, já aprovado nas Comissões de Constituição e Justiça e de Agricultura. A proposta segue agora para análise da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda.

Para a deputada Luciana Rafagnin, líder do Bloco da Agricultura Familiar, a crise no setor é ainda mais sentida nas pequenas propriedades, especialmente naquelas em que o leite é o principal produto.

“Defendo uma política permanente para a crise da cadeia leiteira. Durante muitos anos, o leite era uma renda extra para as famílias de agricultores familiares. Hoje, em muitas propriedades, virou a principal fonte de renda. Mas os produtores estão trabalhando no vermelho. O custo de produção é alto e o preço pago pelo litro de leite, cada vez menor. Além disso, o produtor só sabe quanto vai receber 30 dias depois da entrega.”

Ela defende que o Governo do Paraná amplie a compra de leite diretamente dos produtores, para abastecer creches, escolas e hospitais, garantindo assim uma renda mínima às famílias que vivem da produção leiteira.

Os prejuízos causados pela crise também são destacados pelo deputado Wilmar Reichembach, coordenador da Frente Parlamentar de Apoio à Cadeia Produtiva do Leite no Paraná. Ele pede união de esforços para encontrar uma solução definitiva para o problema, que afeta os produtores paranaenses há mais de 20 anos, desde a forte crise do setor em 2003.

“Estamos unidos em favor desta causa, que envolve uma das principais cadeias produtivas do Paraná. Os produtores de leite têm amargado prejuízos incalculáveis. Precisamos unir forças com os produtores, o Governo do Estado e o Governo Federal para buscar soluções efetivas, a fim de que quem produz consiga se manter na atividade de forma justa e digna”, ressalta.

A crise já havia sido debatida na Assembleia em uma reunião entre deputados, produtores e representantes de prefeituras e câmaras de vereadores de diversos municípios que têm a cadeia leiteira como base da economia. A audiência pública da próxima terça-feira foi convocada para aprofundar o debate e buscar soluções para os problemas apontados nesse encontro.

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