O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse na quarta-feira (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer melhorar a “organização” na articulação política de sua equipe com o Congresso Nacional.
A declaração ocorreu após o Palácio do Planalto sofrer fortes derrotas na sessão do Congresso de terça (28), como a derrubada ao veto sobre a restrição da saída temporária de presos em feriados, conhecida como “saidinha”.
“O balanço é que a gente precisa melhorar a nossa organização nesse processo de governo e Legislativo. Vai envolver uma sistemática de acompanhamento mais próximo, de conversa entre o governo”, afirmou Jaques a jornalistas.
Apesar da nova estratégia, o líder do governo no Senado desconversou sobre uma eventual troca nas lideranças que representam o Palácio do Planalto no Congresso.
Além de Jaques Wagner, o Executivo conta com o deputado José Guimarães (PT-CE) na liderança do governo na Câmara e com o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) na liderança do governo no Congresso.
Saidinha
No caso das saidinhas, o veto de Lula foi derrubado por 314 votos na Câmara e 52 no Senado.
A derrubada é uma derrota para o governo Lula, que tentou articular a manutenção do veto ao longo das últimas semanas.
A saída temporária é concedida pela Justiça como forma de ressocialização dos presos e manutenção de vínculo deles com o mundo fora do sistema prisional.
Atualmente, o benefício permite que os detentos do regime semiaberto realizem:
- visitas à família;
- cursos profissionalizantes, de ensino médio e de ensino superior;
- atividades de retorno do convívio social.
Veto de Bolsonaro
Além da saidinha, outra derrota significativa ao governo foi a manutenção de um veto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que impede a punição a atos de “comunicação enganosa em massa”.
O veto ocorreu em setembro de 2021, quando Bolsonaro ainda estava no comando do Palácio do Planalto.
O dispositivo faz parte do projeto que revogou a Lei de Segurança Nacional, criada em 1983, na ditadura militar.
Quando aprovado pelos parlamentares, a proposta previa a tipificação de crime de atos de disseminação de fake news, com pena de até cinco anos de reclusão.
No Congresso, esses atos foram definidos como “promover ou financiar, pessoalmente ou por interposta pessoa, mediante uso de expediente não fornecido diretamente pelo provedor de aplicação de mensagem privada, campanha ou iniciativa para disseminar fatos que sabe inverídicos, e que sejam capazes de comprometer a higidez do processo eleitoral”.
Ao vetar o trecho, porém, Bolsonaro argumentou que o dispositivo contrariava o interesse público por não deixar claro o que seria punido — se a conduta de quem gerou a informação ou quem a compartilhou.