O senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) negou, em entrevista à CNN nesta segunda-feira (26), que Jair Bolsonaro (PL) tivesse conhecimento prévio sobre a chamada minuta do golpe, mencionada pelo ex-presidente durante o ato na Avenida Paulista, no domingo (25).
Questionado sobre a possibilidade de Bolsonaro ser convocado novamente para depor à PF após o discurso, o senador disse que o ex-presidente “não tinha nada a ver com a minuta do golpe”.
“O presidente Bolsonaro não tinha conhecimento, não tinha nada a ver, e só teve acesso a essa minuta do golpe quando foi disponibilizado o que estava no celular do tenente-coronel Cid”, afirmou Nogueira. “Então não adianta vir com narrativas de que o presidente Bolsonaro participou da construção desta minuta.”
O senador disse, ainda, que “está se procurando pelo em ovo para tentar corroborar essa narrativa de golpe absurda que se criou no nosso país”. Junto a outros parlamentares, Nogueira também esteve presente no ato, que reuniu pelo menos 185 mil pessoas, segundo estimativas da Universidade de São Paulo (USP).
Durante seu discurso na Avenida Paulista, Bolsonaro falou sobre a operação da Polícia Federal (PF) que investiga ele e outros aliados por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Ele negou o planejamento de um golpe, e afirmou que a minuta obtida pelas autoridades não caracteriza quebra constitucional.
“Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha a santa paciência”, afirmou o ex-presidente.
Bolsonaro também defendeu a constitucionalidade do estado de sítio, mas reforçou não ter feito uso da medida durante seu mandato.
“Deixo claro que estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser golpe, o estado de sítio não foi convocado por ninguém dos conselhos da República e da Defesa para se tramar ou para se botar no papel a proposta do decreto do estado de sítio”, disse Bolsonaro, acrescentando que essa proposta também teria que ser analisada pelo Congresso antes de ser efetivada.
Operação Tempus Veritatis
A Operação Tempus Veritatis (do latim “hora da verdade”) foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 8 de fevereiro. Familiares e aliados de Bolsonaro, além do próprio ex-presidente, foram alvo de mandados de busca e apreensão. Também foram cumpridos mandados de prisão e outras medidas cautelares.
A operação foi autorizada por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo o magistrado, as investigações revelaram que “Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentada por Felipe Martins e Amauri Feres Saad para executar um golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decreta a prisão de diversas autoridades, entre as quais os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e, por fim, determinava a realização de novas eleições”.
Em 2023, foi encontrada uma versão da minuta na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Na operação deste mês, a PF encontrou um documento na sala de Bolsonaro na sede do PL, partido do ex-presidente.
Com informações da CNN