Três famílias entraram em contato com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) manifestando interesse em fazer o exame de DNA com a Clarinha, com o intuito de confirmar parentesco com a paciente misteriosa.
Segundo o MPES, as famílias procuraram o órgão na última sexta-feira (15), um dia após a morte de Clarinha, confirmada na quinta-feira (14). O MPES disse que está buscando, junto aos órgãos competentes, ajuda com relação a essas demandas.
Durante anos, foi feito um intenso trabalho para buscar familiares ou conhecidos da paciente, mas sem sucesso.
Apelidada carinhosamente por uma enfermeira, Clarinha ficou internada no Hospital da Polícia Militar (HPM), em estado vegetativo, depois de ser atropelada em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória.
Em 2022, as demandas relacionadas a Clarinha passaram a ser encaminhadas ao 10º Promotor de Justiça Cível de Vitória, Luiz Alberto Nascimento, em razão da necessidade de confeccionar o registro civil de nascimento dela, para que fosse reconhecida juridicamente sua existência, garantindo a ela o atendimento junto à área da saúde em instituições e órgãos públicos.
Um dia antes da morte de “Clarinha”, Justiça autorizou registro civil da paciente misteriosa
Um dia antes da morte de Clarinha, a Justiça garantiu o registro civil para “Clarinha”, como era chamada. Com isso, ela poderia ter um documento pessoal. A intenção era facilitar o atendimento médico em instituições e órgãos públicos.
A decisão judicial, tomada a partir de um pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), foi obtida na última quarta-feira (13) e faz, agora, com que Clarinha não seja enterrada como indigente.
Clarinha morreu após ser acometida de um mal súbito, com vômito e broncoaspiração, que acabou acarretando em um quadro de instabilidade respiratória. Ela foi atendida pela equipe médica, mas não resistiu.
Ainda segundo o Ministério Público, após o falecimento de Clarinha, servidores do HPM foram informados da decisão judicial, para que possam informar quem será o responsável pela autorização de liberação do corpo e sepultamento.
A pessoa selecionada para essas medidas é o médico Jorge Luiz Potratz, que cuidou da paciente ao longo de sua permanência no HPM, que se estendeu por mais de duas décadas.
A medida garante que a paciente não será enterrada como indigente, e será feita uma solicitação para que a certidão de óbito seja lavrada em nome de “Clarinha”, contendo informações como o local definitivo do sepultamento, além de registro fotográfico.
Isto será feito para viabilizar eventuais esclarecimentos sobre o caso de Clarinha, inclusive sobre sua identidade. Para este fim, será solicitada a coleta de material genético para eventuais exames.
De acordo com Jorge Luiz Potratz, que se tornou responsável por “Clarinha”, além do MPES, também há ajuda de empresários para dar um enterro digno para a paciente.
“Muitas pessoas estão me ligando, se solidarizando comigo, com a situação da Clarinha, um grupo de empresários se ofereceu para fazer o velório e o sepultamento dela, a partir da liberação do DML. A gente consegue com isso não deixar a história dela morrer, um corpo jogado em qualquer canto como indigente, e acabar por ali”, disse.