Segundo o primeiro levantamento de intenção de plantio de trigo realizado pela Safras & Mercado, os produtores brasileiros devem reduzir a área de cultivo do cereal em 12,3% em 2024.
No total, as terras cobertas com a cultura devem atingir 2,968 milhões de hectares, recuando 416 mil hectares em relação aos 3,384 milhões de hectares da safra passada.
A maior queda estimada é para o Rio Grande do Sul, que deve reduzir a área em 217 mil hectares (-15%).
O Paraná também deve reduzir a área em 14,2%, de 1,340 milhão de hectares para 1,150 milhão de hectares (190 mil hectares).
Outros estados com estimativas de recuos expressivos de área são Santa Catarina (-13,6%) e São Paulo (-13,9%).
Cotações do trigo
A queda média das cotações do trigo em relação ao mesmo período do ano passado supera 20%.
Na última safra, o potencial era de 11,5 milhões de toneladas, mas devido às intempéries climáticas, o montante colhido foi de 8,6 milhões de toneladas.
“Desse total ceifado, em torno de 3 milhões de toneladas eram de feed wheat. Ou seja, o produtor colheu menos e vendeu ou está vendendo a preços inferiores. A baixa disponibilidade de grãos de boa qualidade comprometeu também a oferta para as indústrias de sementes”, pondera Elcio Bento, analista da Safras & Mercado.
Em contrapartida, Goiás e Distrito Federal devem aumentar a área plantada em 27,9%, de 94 mil hectares para 120 mil hectares (sendo 30 mil irrigados e 90 mil de sequeiro).
Na Bahia, o aumento estimado é de 25%, de 20 mil hectares para 25 mil hectares. Minas Gerais e Mato Grosso do Sul devem manter as áreas em 135 mil hectares e 55 mil hectares, respectivamente.
Expectativa de clima favorável e queda no custo de produção
Apesar da redução da área, o potencial de produção de trigo em 2024 ainda é 4,9% superior ao da safra anterior, subindo de 8,560 milhões de toneladas para 8,980 milhões de toneladas (+420 mil toneladas).
“Em relação ao clima, os prognósticos apontam para a alternância do fenômeno El Niño para o La Niña durante o desenvolvimento e a colheita das lavouras de trigo. O La Niña costuma trazer temperaturas mais baixas e menor ocorrência de chuvas no sul do país”, diz Bento.
O analista da Safras & Mercado também destaca as vantagens agronômicas do plantio do trigo para a cultura subsequente e os preços de negociação da soja em baixa como fatores que podem influenciar a decisão final do produtor.
“Se por um lado, o produtor está menos capitalizado para investir em trigo, por outro, pode ver na cultura de inverno uma aposta para compensar os menores retornos da oleaginosa”, finaliza.