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Com Paraná sendo o maior exportador de tilápia no país, espécie pode entrar na lista de invasoras exóticas

Em 2024, Paraná foi responsável por 70% da exportação nacional do peixe.

Com Paraná sendo o maior exportador de tilápia no país, espécie pode entrar na lista de invasoras exóticas
Foto: Foto: Reprodução/RPC
A tilápia pode entrar para a Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras no Brasil, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Esta análise, conforme o comunicado, é de "caráter técnico e preventivo". Em 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) contabilizou que foram exportadas 7,6 toneladas desta espécie de peixe pelo Paraná - representando aproximadamente 70% da exportação total deste produto pelo Brasil.

Em nota, o MMA explicou que trata-se de uma discussão de "caráter técnico e preventivo". Entretanto, também destacou que não há "qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade".

Para os pesquisadores, a preocupação é com a criação aberta do peixe, feita com redes e tanques dentro de rios e reservatórios de hidrelétricas.

Mário Orsi, biólogo e pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no norte do Paraná, explica que as fazendas de aquicultura são comuns em rios como o Paraná, Paranapanema e Iguaçu. Para ele, "é um sistema que não se tem controle”.

“Ela pode até causar a extinção pontual de outras espécies”, aponta o biólogo.

Em casos em que as tilápias escapam para o ecossistema nativo, Orsi conta que há risco à biodiversidade. “Ela compete por alimento, modifica o ambiente, a transparência da água, come ovos de outras espécies e compete por espaço, porque é uma espécie muito territorialista”, explica.

A discussão sobre a inclusão ou não da tilápia na lista deve ocorrer na próxima reunião da Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio), ainda sem data marcada.

Leia a nota da MMA na íntegra:

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) informa que está em análise, pela Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO), a nova Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), autarquia responsável pela autorização de cultivo de espécies exóticas na aquicultura, permite a criação da tilápia, que grande relevância econômica e cultivo amplamente consolidado no Brasil. Não há, portanto, qualquer proposta ou planejamento para interromper essa atividade.

É importante destacar que a inclusão de uma espécie na lista tem caráter técnico e preventivo, não implicando banimento, proibição de uso ou cultivo. O reconhecimento de espécies exóticas com potencial de impacto sobre a biodiversidade nativa serve como referência técnica para políticas públicas e ações de prevenção e controle.

A eventual inclusão da tilápia na nova lista está sendo amplamente debatida na comissão quanto à prevenção, detecção precoce e resposta rápida em caso de novas invasões biológicas. A avaliação é conduzida de forma colegiada por todos os membros da CONABIO, que reúne representantes de diversos setores do governo e da sociedade.

Integram a CONABIO o MMA e outros onze ministérios, além de autarquias e representantes dos setores produtivo da agricultura, pecuária e indústria, órgãos estaduais e municipais de meio ambiente, universidades e institutos de pesquisa, agricultura familiar, trabalhadores agroextrativistas, pescadores artesanais, povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, organizações não governamentais ambientalistas e redes de juventude pela biodiversidade.

Setor produtivo
O setor piscicultor está na linha de frente das discussões sobre a produção da tilápia, afirma o analista técnico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Fábio Mezzadri.

“A gente está buscando solucionar o problema para que fique bom para ambas as partes, sem prejuízo para o meio ambiente, mas também sem prejuízo para os nossos produtores”, diz.
De origem africana, a tilápia começou a ser criada no Brasil há 25 anos, com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Edson Henrique do Amaral, por exemplo, é produtor de tilápia em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No sistema de criação dele, os tanques são abastecidos com água da chuva e de poços artesianos, sem contato com os rios.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, a maior concentração de produtores de tilápia está na região eeste do estado, em Nova Aurora, Palotina e Assis Chateaubriand.

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