Todos os anos a cidade de Prudentópolis, na região central do Paraná, promove a Festa Nacional do Feijão Preto (Fenafep). A principal atração do evento é a feijoada gigante, que em 2024 busca o título de maior do mundo junto ao Guiness Book, segundo a prefeitura.
Neste ano, 1,8 tonelada de ingredientes foi usada para produzir quase 2,2 mil porções de feijoada. O número cresce ano a ano: em 2022 a produção foi voltada a 1,5 mil porções e, em 2023, a 1,7 mil.
O município paranaense é o maior produtor de feijão preto do país, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura (Seab).
O prato tipicamente brasileiro é preparado em uma panela de dois metros de altura e nove metros de circunferência.
A panela é reconhecida pelo RankBrasil como a maior do país e pesa cerca de 12 toneladas, sendo 1.500 quilos referentes apenas à tampa. Para aquecê-la, são necessários cerca de sete metros cúbicos de lenha.
As grandes dimensões do preparo exigem o apoio de um caminhão-pipa para colocar a água direto na panela e pás de aço com cabos de quatro metros de comprimento para mexer os alimentos.
A cena impressiona: uma colher de gigante, feita especialmente para a tradicional feijoada de Prudentópolis, é acoplada a uma retroescavadeira e usada para colocar a feijoada pronta em panelas menores, levadas ao restaurante onde os visitantes são servidos.
O cozimento da feijoada da edição de 2024 levou cerca de oito horas, sem contar o preparo prévio dos ingredientes.
“Foram usados 1.300 quilos de embutidos e defumados, 500 quilos de feijão e mil litros de água. Cerca de 50 pessoas ajudaram na cozinha, entre colaboradores do SOS e voluntários”, conta Nelson Lopes, gerente administrativo do Serviço de Obras Sociais (SOS) de Prudentópolis, que participa do preparo há três anos.
O lucro da venda das porções é destinado à instituição e é usado em ações sociais desenvolvidas pelo grupo.
Preparo começa três dias antes
Esta foi a terceira vez que Nelson Lopes participou da organização e preparo da feijoada. O gerente administrativo do SOS conta que o prato foi servido no sábado (10), mas as equipes começaram a trabalhar três dias antes.
“Na quarta-feira [7] começamos a cortar os ingredientes. Na sexta [9] foi feito o pré-cozimento de partes como joelho, costelinha e linguiças e na madrugada de sábado [10], por volta das 2h, começamos a mistura e o cozimento”, explica.
No dia anterior a equipe também fez a higienização e preparação da panela, que ficou fechada com plástico filme até o início da fervura para garantir a segurança sanitária da comida.
“Os ingredientes vêm todos em uma câmara fria móvel e são adicionados manualmente à panela. Como ela é alta, é montada uma plataforma ao redor dela”, explica.
Neste ano o empresário Ezequiel Simsen participou como voluntário do preparo da feijoada pela segunda vez.
Ele conta que depois que o caminhão-pipa despejou a água na panela, por volta das 2h da madrugada, a fervura levou cerca de duas horas.
“Depois que a gente começa a colocar os ingredientes, não pode mais parar de mexer até servir, às 11h”, destaca.
O empresário avalia que, apesar de trabalhoso, o serviço é gratificante principalmente por ser beneficente.
“Para mim é motivo de muito orgulho, e a gente fica muito honrado de participar disso. Tudo é uma correria por trás dos bastidores, só que é uma coisa muito gratificante”, afirma.
Festa Nacional do Feijão Preto
Em 2024 a Festa Nacional do Feijão Preto (Fenafep) chegou à 13ª edição. O evento foi realizado de 9 a 12 de agosto no Centro de Eventos de Prudentópolis.
O município trabalha para que a feijoada seja reconhecida como a maior do mundo, mas não detalhou como será o processo junto ao Guiness Book. Atualmente, não há recordista registrado na categoria no “livros dos recordes”.
De acordo com a prefeitura, os cinco dias de festa reuniram cerca de 65 mil visitantes.
O evento contou com shows nacionais e locais com entrada gratuita, feira de expositores, palestras, corridas, espaço gastronômico, passeios de helicóptero e tirolesa, entre outras atrações.
Cidade é destaque nacional na produção de feijão
Prudentópolis é a cidade que mais produz feijão preto no país, segundo o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Winckler Godinho, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura (Seab).
O município também está entre os dez maiores produtores de todos os tipos de feijão do Brasil, assim como a vizinha Irati.
No estado Clevelândia, cidade do sudoeste, também se destaca na produção do grão. Porém, segundo Godinho, por lá o foco é o feijão carioca.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná é o estado que mais produz feijão no Brasil desde 2006. Os últimos dados da instituição, de 2022, apontam que o estado foi responsável por mais de um quarto (26%) da produção nacional do grão naquele ano.
Em boletim publicado no início de agosto, Godinho afirma que a safra paranaense 2023/2024 é estimada em 821 mil toneladas, montante 20% superior à anterior.
Cerca de 60% são referentes à produção de feijão preto e 40% são divididos entre feijão cores – tendo como destaque o carioca.
“Com as áreas destes plantios mais concentradas no Sul, as variedades de feijão preto devem continuar sendo a preferência dos produtores, ocupando mais de 60% da área”, explica o engenheiro agrônomo do Deral.
