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Frete rodoviário cai no 1º trimestre puxado por vendas lentas na safra de grãos

Preço quase estável do diesel nos últimos meses também colaborou para uma redução no valor do frete.
Foto: Gilson Abreu/AEN

As lentas vendas da safra de grãos, notadamente de soja, e os valores praticamente estáveis do diesel nos últimos meses colaboraram para uma redução no preço do frete rodoviário no primeiro trimestre no Brasil, de acordo com organizações que realizam levantamentos.

Essa queda no frete no primeiro trimestre é incomum, uma vez que a demanda para escoar grãos no Brasil costuma atingir um pico no período, normalmente elevando os preços do transporte, por causa da colheita e comercialização da soja.

Mas neste ano houve uma quebra de safra de soja brasileira, a demanda por transporte de fertilizantes foi menor, enquanto os preços do diesel — importante fator de custo para o transportador — tiveram poucas oscilações.

A comercialização da safra foi lenta, com preços mais baixos da oleaginosa no mercado internacional incentivando produtores a desacelerarem o ritmo de vendas, notou a Argus, empresa especializada em preços e serviços de consultoria.

“Como resultado, os fretes de grãos durante a colheita caíram — o que é incomum nesta época do ano –, devido à menor demanda por serviços de transporte”, ressaltou a Argus, em relatório enviado à Reuters.

Os fretes da rota Sorriso – Rondonópolis (MT), com destino ao terminal ferroviário de Rondonópolis, atingiram R$ 150 por tonelada no fim de março, ante R$ 165 por tonelada no mesmo período de 2023.

Já a rota Sorriso-Miritituba, que percorre a rodovia BR-163 até o ponto de transbordo da hidrovia no Pará, estava em 250 reais/t no fim de março, versus R$ 285 por tonelada no ano passado.

Relatório sobre o Índice de Frete Edenred Repom (IFR), de outra organização que acompanha o mercado, mostrou também que o atraso na comercialização da safra de grãos e o comportamento do recuo no preço do litro do diesel foram os principais fatores da baixa no preço médio do frete por quilômetro rodado em março.

A média nacional do frete foi de R$ 6,20 por km rodado em março, redução de 1,4% ante fevereiro.

“Fechamos o primeiro trimestre de 2024 com uma queda acumulada de 2,5% no preço médio do frete por quilômetro rodado. Já no comparativo com março de 2023, quando o valor estava a R$ 7,97, a redução no preço chega a 22%”, disse o diretor da Edenred Repom, Vinicios Fernandes, em nota.

Segundo a análise do índice de preços de diesel da Edenred Ticket Log (IPTL), o tipo comum do combustível fechou março a R$ 5,96 por litro e o S-10 a R$ 6,07, ambos com redução de 1%, em relação a fevereiro. Já no acumulado do trimestre, o comportamento de preço do combustível registrou pequenas oscilações percentuais, entre recuos e altas.

Na primeira quinzena de abril, a o IPTL mostrou ligeira alta ante o final de março.

Fertilizantes e gargalos
Segundo a Argus, a demanda por fretes de fertilizantes também foi “excepcionalmente menor” no primeiro trimestre, colaborando para pressionar o valor do transporte.

“Nesta época do ano, agricultores normalmente recebem grandes volumes de fertilizantes para atender às atividades de colheita de soja e plantio de milho. Mas a compra de insumos também foi adiada, uma vez que produtores postergaram a comercialização da safra”, acrescentou a Argus.

Em Paranaguá, as taxas de frete para Rondonópolis atingiram R$ 213 por tonelada no fim de março, ante R$ 250 por tonelada em 2023. Os fretes para Sorriso ficaram em R$ 305 por tonelada, em comparação com R$ 330 por tonelada em 2023.

“Esse cenário preocupa participantes de mercado, pois poderá causar um gargalo logístico”, afirmou a Argus, citando eventual concentração de demanda posteriormente.

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