Um crânio encontrado em dezembro de 2019 em uma plantação de erva-mate próxima a Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, sem qualquer informação sobre ele, foi identificado quase seis anos após o encontro dos restos mortais. Ele era de Jaqueline Dall’Acqua Rodrigues, 23 anos, desaparecida junto com uma amiga em 12 de maio de 2018.
As análises feitas pela Polícia Científica (PCI), e divulgadas nesta semana, ocorreram após os pais da jovem procurarem o órgão de perícia em setembro de 2024. A conclusão foi em 12 de fevereiro.
Com a confirmação, a Polícia Civil reabriu a investigação e acredita que Jaqueline pode ter sido vítima de um crime de duplo homicídio em 2018. Isso porque a amiga dela, Francieli Rodrigues, 15 anos, havia desaparecido naquele mesmo dia – o corpo dela, no entanto, foi encontrado carbonizado dois dias depois, e identificado em seguida.
Crânio encontrado
O crânio humano havia sido encontrado em 19 de dezembro de 2019, mais de um ano após o desaparecimento de Jaqueline. Em avançado estágio de decomposição, e sem outros detalhes, como roupas e objetos pessoais, não foi possível fazer a identificação naquele momento, informou o delegado Rodrigo Moura.
Os restos ósseos, durante esse período, ficaram armazenados sob cuidados da Polícia Científica em Florianópolis.
Em setembro do ano passado, no entanto, os pais da jovem acionaram a Polícia Científica, e novas tentativas de identificação foram feitas – dessa vez, com a possibilidade de entrevistar detalhadamente a família e acessar documentos importantes, como prontuários médicos e odontológicos e fotografias da época.
A equipe começou um trabalho de inteligência para cruzar as informações obtidas com casos já atendidos pela PCI. A análise identificou, então, um possível caso relacionado: o crânio encontrado na uma plantação, que tinha morfologia dentária correspondente às fotografias fornecidas pela família.
O caso foi encaminhado para perícia, e a confirmação veio por meio da comparação genética. Exames também apontaram similaridades na arcada dentária do crânio com os prontuários médicos e fotografias fornecidos.
“Agora, após a identificação, foi pedido a expedição da certidão de óbito para poder ser entregue para a família e ser sepultado”, informou o perito Felipe Braga, superintendente de Polícia Científica em Chapecó.
“O resultado desse trabalho representa muito mais do que um desfecho técnico. Ele simboliza a possibilidade de uma família finalmente encerrar um ciclo de angústia e incerteza”, completou.
Cronologia
- Em 12 de maio de 2018, Jaqueline Dall’Acqua Rodrigues foi vista pela última vez, junto com a amiga, Francieli Rodrigues, de 15 anos, que também desapareceu.
- Em 14 de maio de 2018, o corpo da amiga foi localizado em Planalto Alegre, no Oeste, quase completamente carbonizado. No entanto, Jaqueline seguiu desaparecida.
- O crânio de Jaqueline foi encontrado em 19 de dezembro de 2019, mais de um ano após o desaparecimento. Em estado avançado de decomposição, não foi possível fazer a identificação.
- Em setembro de 2024, os pais de Jaqueline procuraram a Polícia Científica, que realizou análises para identificar os restos ósseos.
- Em 12 de fevereiro, a PCI confirmou que o crânio era de Jaqueline Dall’Acqua Rodrigues.
Investigação
Após a identificação dos restos ósseos, a Polícia Civil informou, nesta quinta-feira (13), que reabriu a investigação sobre o possível duplo homicídio ocorrido em 2018 em Guatambú, no Oeste catarinense.
As duas tinham sido vistas juntas pela última vez na manhã de 12 de maio de 2018.
O homem que matou e incendiou o corpo de Francieli, amiga de Jaqueline, foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão, em 2021, pelo assassinato. Agora, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de conexão entre os crimes.
A adolescente foi encontrada morta às margens da estrada de acesso a Planalto Alegre na manhã de 14 de maio de 2018, com uma fita na boca e as mãos amarradas. O corpo estava enrolado em uma coberta, que não queimou totalmente, e próximo a ele havia um martelo parcialmente carbonizado.
A identificação da adolescente foi feita por meio de exame de DNA.