O agronegócio brasileiro está ganhando novo recurso para enfrentar seus tantos desafios, como falta de verbas públicas, juros altos, elevação dos custos de produção, endividamento, crises climáticas com perdas de safras e concorrência internacional no comércio de alimentos. Como forma de ampliar o acesso às tecnologias de última geração na agropecuária, indústrias de máquinas agrícolas do País estão incluindo acessos à internet via satélite da Starlink em seus equipamentos. Nos últimos meses a empresa de sistemas aeroespaciais SpaceX, dos Estados Unidos, firmou parcerias com diversas indústrias de máquinas do País, para oferecer o recurso de conexão de internet do espaço. O Brasil, segundo especialistas, como um dos maiores produtores agrícolas do mundo, está entre os principais focos da empresa norte-americana. A última dessas indústrias brasileiras foi a Stara, do Rio Grande do Sul, anunciando que também equipará suas máquinas agrícolas com internet via satélite já na fábrica em parceria com a Starlink. Os novos equipamentos estarão disponíveis a partir do primeiro semestre de 2026.
A conexão por satélite em propriedades rurais ajuda a contornar problema antigo e grave que o agronegócio enfrenta no País, onde os avanços da agricultura de precisão são subaproveitados em razão da cobertura insuficiente de redes de internet móveis. Estudo da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e entidade do setor, mostra que somente 33,9% da área disponível para uso agrícola no Brasil tem cobertura 4G ou 5G, com maior concentração no Sul e Sudeste. O levantamento não levou em conta as tecnologias 2G e 3G por estarem em declínio de uso e não serem foco de novas políticas públicas, considerando custo, alcance e capacidade de tráfego de dados. Além disso, conforme os estudos realizados, a maioria das áreas cobertas por 2G e 3G já têm cobertura 4G LTE, o que significa que há pouco a agregar considerando essas redes. A pesquisa revela ainda que 67% das áreas produtoras de soja do País não contam com cobertura mais avançada. Em Mato Grosso, maior produtor da oleaginosa do País, apenas 18,15% das lavouras têm acesso às redes, de acordo com a pesquisa.
Dirigentes das indústrias de máquinas do País afirmam que o acesso à rede fornecida pela constelação de satélites de baixa órbita (LEO), da SpaceX, representa marco importante para o setor. “Para termos ideia de sua relevância, podemos compará-la ao surgimento da internet urbana há cerca de 25 anos, acontecimento que alavancou a evolução tecnológica e trouxe benefícios inimagináveis na época”, destacam. Segundo especialistas, a parceria com a Starlink permitirá que os produtores rurais utilizem tecnologias integradas às máquinas agrícolas modernas, mas que em muitos casos não são aproveitadas em sua totalidade em razão da inviabilidade de conexão com a internet. Entre essas possibilidades estão o monitoramento remoto da frota, sincronização de máquinas para plantio, distribuição e pulverização de defensivos e acesso remoto dos equipamentos, para identificação de problemas e assistência técnica à distância. Assim gradualmente a conectividade vai permitir a transformação de máquinas, impulsionando novas ideias, ferramentas e benefícios. Então, assim como foi a evolução com a internet urbana, são imensuráveis os ganhos que a internet nas máquinas vai proporcionar aos produtores rurais.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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