O médico ortopedista Adilson Cleto Bier, de Toledo, foi condenado a pagar mais de R$ 160 mil em multas após cobrar valores ilegais de pacientes para antecipar cirurgias ortopédicas realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em um esquema que funcionou entre 2014 e 2015.
Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), as cobranças eram feitas diretamente no consultório particular do médico, que prometia “furar a fila” do SUS e agilizar os procedimentos.
A denúncia levou, em 2015, a uma operação da Promotoria de Justiça e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que fez a prisão em flagrante do ortopedista. Ele foi solto no decorrer do processo e respondeu às acusações em liberdade.
Na condenação, expedida em 6 de agosto, a Justiça determinou a devolução de R$ 53.786,82 — referente ao valor atualizado cobrado indevidamente de pacientes — e o pagamento de multa civil de R$ 107.573,64, totalizando mais de R$ 160 mil.
Além da penalidade financeira, Bier foi afastado da função pública, teve o credenciamento no SUS cancelado, os direitos políticos suspensos por oito anos e está proibido de firmar contratos com órgãos públicos por seis anos.
Em outro processo anterior à esta condenação, o médico também foi sentenciado por corrução passiva. Ele responde, ainda, a um outro processo pelo mesmo crime, conforme informou o MP-PR.
O g1 entrou em contato com a defesa de Bier, que informou que o processo corre em segredo de Justiça e que não pode comentar o caso. Segundo o advogado Sérgio Canan, será apresentado recurso, pois a defesa acredita que a sentença poderá ser revertida no tribunal com o reconhecimento da inocência do médico.
O Conselho Regional de Medicina no Paraná (CRM-PR) informou, em nota, que foi notificado sobre os fatos e adotou todas as providências cabíveis no âmbito de suas atribuições como Conselho Profissional. O médico é cadastrado junto ao conselho e, atualmente, a situação do cadastro consta como regular.
Relembre a prisão em flagrante
Em 2015, Bier foi preso ao cobrar R$ 4,6 mil de uma paciente do SUS para realizar uma cirurgia. De acordo com o MP-PR, a vítima foi orientada a levar o dinheiro ao consultório do médico.
A entrega do envelope foi monitorada pelo Gaeco, que apreendeu a quantia e efetuou a prisão no local. Objetos do consultório também foram recolhidos para investigação.
Durante as oitivas, o MP-PR afirmou ter recebido relatos de outras cobranças feitas pelo médico em casos semelhantes.