Quase metade dos brasileiros com emprego formal ou como pessoa jurídica (49%) depende de fontes de renda extra para equilibrar o orçamento no fim do mês, segundo levantamento da SalaryFits, empresa da Serasa Experian, divulgado na quarta-feira (20).
A pesquisa também revela que 54% dos trabalhadores ainda não conseguem sustentar o salário até o fim do mês, embora tenha havido melhora em relação a 2024, quando 62% estavam nessa situação.
O estudo mostra que 46% dos profissionais conseguem agora manter o salário até o fim do mês, um avanço de 8 pontos percentuais em 12 meses. Mas apenas 2 em cada 10 entrevistados afirmam ter controle total das finanças.
A falta de organização atinge principalmente jovens da Geração Z, trabalhadores PJ, profissionais de pequenas empresas e a classe C.
A instabilidade financeira também tem reflexos diretos na saúde mental. Entre os entrevistados, 66% relataram aumento do estresse devido a dívidas, 43% afirmaram sentir maior irritabilidade e 39% sofrem de insônia. “Sem estabilidade, o trabalhador sente sua vida pessoal sendo diretamente afetada”, afirma Délber Lage, CEO da SalaryFits.
Segundo ele, a maior parte dos trabalhadores está estável e consegue finalizar o mês com o salário na conta, o que indica uma possível reorganização financeira. No entanto, para a outra metade, a realidade ainda é desafiadora.
“O custo de vida continua superior à renda para muitos, reforçando a necessidade de ampliar o acesso ao crédito de forma mais adequada à realidade do trabalhador, além de incentivar práticas de planejamento e educação financeira”, diz.
A pesquisa também mostra que, em uma situação inesperada, apenas 1 em cada 4 trabalhadores teria condições de arcar com uma despesa de R$ 10 mil.
Pelo recorte, nos últimos 12 meses, 33% chegaram a ficar negativados, enquanto no recorte de cinco anos, 66% afirmaram ter enfrentado problemas financeiros.
Sobre os gastos, a maior parte da renda é direcionada a despesas básicas como alimentação, luz, água e gás. Em seguida aparecem financiamentos, empréstimos, consumo e estudos.
Entre as gerações, o comportamento é variado. A Geração Z é a única que destina parte significativa da renda para lazer (13%) e é a mais dependente do cartão de crédito (17%). Já os Millennials priorizam o pagamento de dívidas (15%) e alimentação (13%), enquanto a Geração X também tem forte uso de crédito (14%) e dívidas (13%).
De acordo com o levantamento, as pessoas também têm recorrido a trabalhos extras e freelancers como forma de conseguir chegar ao fim do mês. Outras alternativas também são utilizadas, como uso de linhas de crédito e apoio financeiro da família.
Há ainda um grupo de 5% que não tem nem salário suficiente nem outras fontes de renda para fechar as contas.
“Para essas pessoas, a inadimplência é um risco real, mas contratar empréstimos mais vantajosos, com juros menores, como o consignado, ou renegociar dívidas ainda podem ser caminhos efetivos para evitar restrições futuras”, diz Lage.
A pesquisa foi realizada entre maio e junho de 2025, com 1.029 entrevistas em todas as regiões do Brasil, envolvendo trabalhadores CLT e PJ de empresas públicas e privadas. A média de idade dos respondentes é de 41 anos, com equilíbrio entre homens e mulheres.