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MP revela diálogos entre acusados de envolvimento em ataque a colégio de Cambé

Os três rapazes seguem presos.

Após 274 dias do atentado ao Colégio Estadual Professora Helena Kolody, que chocou a cidade de Cambé, na região metropolitana de Londrina, foi realizada a segunda audiência com os acusados. Um deles preferiu permanecer em silêncio, o outro não teve a oitiva pois existe um laudo de insanidade mental pendente requerido pela defesa, já o terceiro negou todas as acusações.

O Ministério Público (MP) denunciou os três homens por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítimas. Um deles, de 21 anos, é morador da cidade de Rolândia. O outro acusado, de 19 anos, é de Santo André, no estado de São Paulo e último, de 18 anos é de Gravatá, em Pernambuco.

O MP entendeu que os três instigaram, por diversas vezes, de forma consciente e voluntária, o atirador a praticar o atentado ao colégio, no dia 19 de junho de 2023, que tirou a vida de Karoline Verri Alves e Luan Augusto da Silva.

A investigação concluiu que neste dia, um ex aluno da escola, entrou no local alegando que pegaria seu histórico escolar. O rapaz, de 21 anos, teria entrado no banheiro, onde permaneceu por alguns minutos, e quando saiu atirou contra os jovens de 16 e 17 anos, que estavam brincando em uma mesa de ping pong no pátio do colégio. Karoline morreu na hora. Luan foi socorrido e encaminhado ao Hospital Universitário de Londrina, onde morreu na madrugada do dia seguinte.

Após atirar contra os dois estudantes, o atirador foi parado por Joel de Oliveira, que prestava serviços próximo a escola. O senhor conseguiu conter o jovem que foi preso em flagrante e encaminhado a Casa de Custódia de Londrina, onde foi encontrado morto enforcado na noite do dia 20 de junho.

Os três rapazes seguem presos. Um deles, na cidade de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, o outro em Santo Antão, em Pernambuco e terceiro na Cadeia Pública de Santo André, no estado de São Paulo.

O inquérito concluiu que os três disseminavam discursos de ódio à sociedade, veneravam autores de homicídios e de massacres coletivos e planejavam matar alunos e funcionários de escolas. Eles também foram responsáveis por instigar o atirador a praticar o crime na escola de Cambé.

Diálogo macabro

O Ministério Público teve acesso a conversas entre os acusados. No dia do atentado, o atirador escreve “é hoje”, “valeu por tudo”, “é nós mano” e o outro responde “é nós mano. Bom descanso”, já ciente da pretensão do colega em cometer suicídio após praticar o atentado.

Um dos acusados mantinha um diário em que manifestava suas intenções e ainda dava dicas para que outros praticassem o mesmo crime, além de recomendações para saírem impunes.

Entre as confissões, estão: “minha motivação para o atentado é clara. Quero que a escola compreenda que as injustiças cometidas contra pessoas como eu não podem ficar impune. Elas precisam ser expostas para que as autoridades responsáveis possam tomar providências. Estou determinado a chamar atenção para as injustiças cometidas e a fazer com que elas sejam corrigidas. vale a pena arriscar meu réu primário com isso”.

Em outro momento o autor revela que sofria bullying na época de escola: “os alunos mais velhos eram os piores. Eles me chamavam de nomes e me empurravam constantemente. Eu me sentia tão sozinho impotente que não conseguia fazer nada para parar isso. Eles me humilhavam diariamente, e eu não tinha ninguém para me defender. A única saída que eu via era o atentado.”

Os textos revelam ainda a frieza das ações: “não me preocupo com as consequências dessas ações, nem com o sofrimento que causei às vítimas. Pra mim, tudo é jogo, uma diversão que me faz sentir poderoso e superior aos outros. Minhas vítimas são apenas peões em um grande tabuleiro onde eu sou o único jogador. Eles não me importam, suas vidas não possuem valor para mim.”

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