A mulher de 28 anos, agredida por um policial militar com tapas e chutes em um bar de Itambaracá, no Paraná, falou sobre o caso na segunda-feira (26). Em entrevista à RPC, ela disse que não vai se esquecer do que passou e que está com medo pelo fato do agressor ser policial.
“Não dói tanto os ferimentos, não dói tanto os machucados. Dói mais o que fica na mente, o que a gente passa. Eu nunca passei por uma situação dessa e eu acho que eu também nunca mais vou esquecer”, disse a jovem.
O caso foi registrado no sábado (24). Segundo a Polícia Militar, os agentes foram ao bar para atender uma ocorrência de perturbação de sossego. Polícia Militar do Paraná (PMPR) afirmou ainda que o policial foi afastado e não divulgou o nome dele.
A vítima questionou a alegação dos policiais de que havia som alto no bar.
“A gente estava em um baile e depois fomos para o bar, mas não tinha som alto, não tinha nada. Não teve motivos para aquilo. Agora, estou com medo pelo fato de ele ser policial”, admite.
Com a divulgação das imagens, o governador Ratinho Junior (PSD) pediu nesta segunda-feira (26) esclarecimentos ao secretário de segurança pública, Hudson Teixeira, sobre as agressões.
As imagens da agressão foram feitas por um cliente que estava no estabelecimento. O vídeo mostra o policial xingando e mandando as pessoas que estavam no bar abaixarem o volume do som.
Em outro trecho, o PM aparece discutindo com a vítima, que leva tapas, chute e é arrastada no chão.
Os policiais deixaram o local após as agressões. A vítima procurou um hospital, onde foi atendida e liberada na sequência.
“O que está mais dolorido é o meu joelho, mas fiquei com roxos nas pernas, minha cabeça está bem inchada também. Uma parte da minha costela, que foi na hora que eu caí na calçada, também dói bastante. Saiu bastante sangue do meu nariz”, disse.
Afastamento
O comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, responsável por Itambaracá, major Helder Dantas, informou que o policial foi afastado e remanejado “para outra função”, sem informar qual.
A assessoria de imprensa da PM emitiu uma nota, afirmando que está apurando o caso. Veja abaixo:
“A Polícia Militar do Paraná (PMPR) tomou conhecimento de um vídeo contendo imagens com indícios de irregularidades cometidas por policiais militares durante o atendimento de uma ocorrência em Itambaracá.
A PMPR reitera seu compromisso inabalável com os direitos humanos, a lei, a ordem e a ética, e repudia veementemente qualquer comportamento contrário a esses princípios.
A ação não reflete os valores e o profissionalismo da Corporação, que se dedica diuturnamente à proteção e ao bem-estar da população paranaense.
Salienta-se que já foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias que envolvem a ocorrência”.
Procurada, a Polícia Civil (PC-PR) informou que o caso “está sendo tratado em Inquérito Policial Militar (IPM)”, por ocorrer durante uma ação policial.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) disse que está adotando as providências iniciais pela Promotoria de Justiça de Andirá, local dos fatos, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que tem atribuição no controle externo da atividade policial.