No Paraná, manejo do solo é aliado contra perdas causadas por eventos climáticos

Eventos climáticos cada vez mais extremos, como chuvas intensas em anos de El Niño e estiagens prolongadas sob La Niña, têm colocado à prova a agricultura paranaense.
Foto: Embrapa Soja

Eventos climáticos cada vez mais extremos, como chuvas intensas em anos de El Niño e estiagens prolongadas sob La Niña, têm colocado à prova a agricultura paranaense. Para enfrentar esse desafio, a Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada (Rede AgroPesquisa) evoluiu, em 2024, para o Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Prosolo (Napi-Prosolo), consolidando pesquisas aplicadas e gerando recomendações práticas para proteger lavouras, conservar o solo e reduzir impactos ambientais.

Criada em 2015, a Rede AgroPesquisa já reunia universidades públicas e privadas, institutos de pesquisa e órgãos públicos em um projeto interdisciplinar voltado à inovação no meio rural. Com apoio do Sistema FAEP, da Fundação Araucária e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), a iniciativa ganhou destaque ao avaliar, em diferentes regiões do Estado, o uso de terraços agrícolas, sistemas de rotação de culturas e o aproveitamento de dejetos animais como fertilizante.

“Esse trabalho mostra que é possível conciliar produtividade e preservação quando o produtor tem acesso a conhecimento técnico de qualidade. Os resultados evidenciam as vantagens econômicas, sociais e ambientais para os agricultores que adotam tecnologias e manejos mais adequados à proteção do solo e da água em suas propriedades”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

Em 2016, o Paraná avançou ainda mais com a criação do Programa Integrado de Conservação de Solo e Água (Prosolo), que estabeleceu uma política pública dedicada à formação de especialistas, à difusão de tecnologias conservacionistas e ao uso racional dos recursos naturais nas propriedades. A experiência acumulada pela Rede AgroPesquisa e o suporte técnico do Prosolo deram origem ao Napi-Prosolo, ampliando e aprofundando os estudos voltados à conservação do solo e da água.

O núcleo da pesquisa do Napi-Prosolo é o monitoramento do escoamento superficial, do transporte de sedimentos e dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo. Esse acompanhamento permite mensurar perdas de solo, água e nutrientes em diferentes condições de uso e manejo, oferecendo uma base técnica sólida para planejar práticas de conservação e controle da erosão.

Segundo a coordenadora do Napi-Prosolo, Graziela Moraes de Cesare Barbosa, os resultados reforçam a importância de adotar práticas conservacionistas. “Mesmo em áreas sob plantio direto, os terraços continuam sendo fundamentais para reduzir a erosão e o escoamento superficial da água, principalmente em anos sob a influência de El Niño”, alerta. “Com as chuvas mais intensas, a adoção de tecnologias de manejo do solo e da água para proteger as lavouras é essencial para reduzir os impactos ambientais e aumentar a produtividade da agricultura paranaense”, acrescenta.

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