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PIB do agro pode crescer 5% em 2025 diz CNA, que alerta para desafios

Valorização do dólar, alta da Selic e Lei Antidesmatamento estão entre os entraves apontados.
(Foto: Jaelson Lucas / Arquivo AEN)

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta um crescimento de até 5% no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro em 2025, impulsionado pelo aumento da produção agrícola e pela recuperação da agroindústria exportadora. A previsão foi divulgada nesta quarta-feira (11).

Segundo a CNA, o avanço do PIB será liderado pela produção de grãos e pela recuperação da agroindústria.

Mas fatores como valorização do dólar, manutenção da taxa Selic em patamar elevado e a implantação da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR) são obstáculos que podem impactar os custos e a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global.

A valorização do dólar é vista como uma faca de dois gumes: enquanto favorece a exportação de commodities agrícolas, aumenta os custos de insumos importados, como fertilizantes e tecnologias agrícolas.

Já a política monetária deve continuar restritiva, com a Selic projetada em 13,5% para o fim de 2025, o que dificulta o acesso ao crédito rural. O orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), por sua vez, continuaria insuficiente, com previsão de R$ 1,06 bilhão, frente a uma demanda de R$ 4 bilhões.

Inflação e recuperação
A inflação dos alimentos deve desacelerar para 5,75% em 2025, comparada aos 8,49% estimados para 2024, em função da recuperação agrícola.

A CNA estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 4,59%, acima do teto da meta de inflação.

Já o Valor Bruto da Produção (VBP) do setor deve crescer 7,4%, totalizando R$ 1,43 trilhão, puxado pela alta de 9,2% na receita da pecuária e recuperação agrícola de 5,8%.

Logística e exportações
No comércio exterior, a CNA aponta que o câmbio elevado deve beneficiar as exportações, mas a demanda global continua instável devido a tensões geopolíticas. A China, principal parceira comercial do Brasil, enfrenta redução no crescimento econômico, enquanto a Europa aumenta barreiras regulatórias aos produtos brasileiros.

No setor logístico, o Brasil avança em projetos de hidrovias e ferrovias. A Ferrovia Transnordestina, com previsão de conclusão em 2026, e o leilão da Ferrogrão são apostas para melhorar o escoamento da produção e reduzir custos logísticos.

Sustentabilidade e desafios regulatórios
Outro ponto de atenção é o cumprimento do Código Florestal e a análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR), considerados entraves estruturais que demandam soluções urgentes.

A CNA reforça que esses aspectos precisam de avanços para garantir a sustentabilidade da produção agropecuária e fortalecer a imagem do Brasil no mercado internacional.

Valor Bruto da Produção
Neste ano, o Valor Bruto da Produção (VBP) está estimado em R$ 1,34 trilhão, o que representa um leve aumento de 0,3% em relação ao ano anterior. O resultado é puxado pela receita agrícola de R$ 886,55 bilhões, mesmo com redução projetada de 2,5%. Já a receita pecuária deve crescer 6,2%, atingindo R$ 453,3 bilhões.

Para 2025, a expectativa é de crescimento de 7,4% comparado a 2024, totalizando uma receita de R$ 1,43 trilhão. De acordo com a CNA, o segmento agrícola deve alcançar R$ 937,55 bilhões, mostrando a recuperação da produção após a quebra de safra em 2024.

Já o VBP da pecuária deve crescer 9,2%, alcançando R$ 495,13 bilhões, com destaque para a bovinocultura de corte, que deve registrar, puxada pelos preços, crescimento de 20,9%.

Agricultura
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa para a safra de grãos 2024/2025 é de um recorde de 322,53 milhões de toneladas, alta de 8,2% ou 24,6 milhões de toneladas em relação à safra 2023/24.

A projeção reflete uma pequena elevação na área plantada (+1,9%) e recuperação da produtividade média.

Pecuária
A produção nacional de leite deve crescer 1,5% em 2025, resultado da desaceleração econômica e das importações do produto que bateram recorde no início de 2024.

A alimentação concentrada mais acessível para os animais deve contribuir para esse aumento modesto da produção.

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