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Produtor perde cinco milhões de abelhas após possível deriva de agrotóxicos no PR

O fenômeno acontece quando um produto aplicado é levado pelo vento para propriedades próximas. O prejuízo foi contabilizado pelo apicultor em cerca de R$ 80 mil.
(Foto: Reprodução/RPC)

O apicultor Hermínio Paulo Buckta perdeu cinco milhões de abelhas em Arapoti, nos Campos Gerais do Paraná. A suspeita é que as mortes foram causadas por deriva de agrotóxicos.

O fenômeno acontece quando um produto aplicado é levado pelo vento para propriedades próximas. O prejuízo foi contabilizado pelo apicultor em cerca de R$ 80 mil.

“Sessenta e poucas caixas e não tem nem abelha voando. Tudo morto”, lamenta.

“O maior problema é a falta de motivação. Amo a abelha, brigo e defendo. Eu vivo da abelha, dependo dela. Tudo o que eu trabalho é por elas”, afirma.

Porém, o caso de Buckta não é isolado. O município lidera a produção de mel no Paraná. Em 2022, com cerca de 990 toneladas produzidas, a atividade movimentou R$ 139 milhões.

Nos últimos quatro anos, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) recebeu 113 denúncias de mortes de abelhas no estado. Foram coletadas 82 amostras em cidades de todas as regiões do Paraná, das quais 62 estavam contaminadas, a maioria por Fipronil, inseticida de amplo espectro que danifica o sistema nervoso central dos insetos.

O apicultor Leonardo Aparecido Ferreira também diz que teve perdas. De acordo com ele, foram 66 colmeias no ano passado e outras 20 agora. Em dois anos, um prejuízo de quase R$ 112 mil.

Ele relata ainda que a situação costuma ocorrer entre novembro e dezembro.

“É a época do plantio da lavoura. Nossa cidade é desenvolvida por meio da agricultura”, conta.

Os produtores dizem que esse é o terceiro ano seguido que registram o problema. Em 2021, uma análise contratada por eles constatou que os insetos estavam contaminados com dois agrotóxicos. Entre eles o Fipronil, usado para controle de pragas, insetos, formigas e cupins.

“Se ela está na floresta, e foi envenenada, ela perde a orientação e não consegue voltar para a caixa. Ela morre no meio do caminho”, explica o apicultor Ademir Luxiriqueira.

A Associação dos Apicultores de Arapoti diz que procurou a Adapar.

“A aplicação pode estar errada, sim, pois na própria bula do produto consta que ele não pode ser aplicado em época de floração das culturas e plantas daninhas. Então, nessa época, as abelhas vão buscar o seu néctar para levar alimento para a colmeia e acabam pegando também o resíduo tóxico do produto”, explica o coordenador da fiscalização de agrotóxicos da Adapar, João Miguel Toledo Tosato.

A agência explica que esse produto é autorizado, mas não pode ser aplicado com aviões ou drones, nem a menos de 50 metros de outras propriedades.

Segundo o órgão, em 2023, no Paraná, 174 notificações foram feitas a agricultores que usaram agrotóxicos que atingiram propriedades vizinhas causando danos. As infrações por mortes de abelhas estão incluídas nesse total.

O coordenador de fiscalização diz que não recebeu denúncias de apicultores do município.

“Sempre que chega denúncia, o fiscal vai até a região para fazer o trabalho dele. Não chegou nada para mim até o momento”, diz.

Com informações da RPC

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