O recém-nascido de cinco meses de gestação, dado como natimorto na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, e retirado do próprio velório, respira com ajuda de aparelhos e segue intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no domingo (26). A informação é da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre).
Bebê já estava sendo velado quando familiares constataram que ele estava vivo e chorando dentro do caixão após ficar cerca de 12 horas dentro de um saco.
Ainda segundo a Sesacre, mesmo em estado delicado, a ventilação mecânica já está sendo reduzida conforme o quadro da criança evolui. O menino está sendo monitorado 24 horas por dia, conforme boletim médico.
"Apresenta-se hemodinamicamente [relativo ao sistema circulatório] estável, com sinais vitais dentro da normalidade para a idade gestacional. Segue urinando bem", informou publicação.
Ainda no sábado (25), o governador Gladson Camelí (PP) informou que foi determinado o afastamento imediato da equipe médica que verificou o óbito da criança, além de uma "investigação minuciosa dos fatos".
O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) também afirmou que vai instaurar sindicância para apurar o caso.
Entenda o caso
Segundo a médica pediatra neonatologista de plantão, Mariana Collodetti, que atendeu o caso por volta das 10h deste sábado, o bebê está em estado grave de prematuridade. Contudo, a equipe médica está dando o suporte necessário, com base nos protocolos de urgência. (Entenda mais abaixo)
Por meio de nota pública, a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) disse que os protocolos de reanimação foram seguidos pela equipe multiprofissional e que instaurou uma apuração interna para esclarecer os fatos. O caso também será investigado pelo Ministério Público (MP-AC).
"A direção da unidade e toda a equipe manifestam profunda solidariedade à família neste momento delicado e reafirmam o compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento", disse Simone Prado, diretora da Maternidade Bárbara Heliodora.
Segundo os documentos que o g1 teve acesso, o bebê nasceu na última sexta-feira (24) e a causa da morte atestada no laudo médico foi hipóxia intrauterina, que é uma condição em que o feto não recebe oxigênio suficiente durante a gestação.
A tia do recém-nascido, Maria Aparecida, disse que a mãe estava sentindo muita dor. A família é de Pauini, no interior do Amazonas, e chegou ao Acre na quinta-feira (23) para dar à luz, já que a mãe estava com quadro de sangramento e precisou ser induzida ao parto.
Na cidade-natal, segundo eles, não tinha estrutura suficiente para atender o caso. Da cidade amazonense até a capital acreana, são cerca de 260 km via estrada.
"Disseram que a criança nasceu sem vida, pegaram e só colocaram num saco, levaram pro necrotério, a gente fez o procedimento [fúnebre] e estava indo pro enterro. Ao chegar lá, eu pedi para abrir [o caixão] para poder ver o bebê e ele estava chorando. Isso é muita negligência e a gente quer justiça", complementou.
A Polícia Militar (PM-AC) foi acionada para atender a ocorrência. Segundo o tenente Israel, a PM foi até à Maternidade, mas a equipe médica que atestou a morte do bebê não estava no local. Ele frisou ainda que, segundo o pai, a criança nasceu em um lugar inapropriado.
"Colhemos informações de testemunhas, o boletim informativo vai ser produzido e enviado à Delegacia para que haja uma apuração e responsabilizar, realmente, se alguém foi negligente. A criança nasceu de forma prematura e [com base nos] procedimentos realizados neste momento, não pode afirmar se houve ou não falha em relação ao procedimento da Maternidade, contudo, tem que ser feita uma apuração para verificar essa situação completa", destacou.
Nota do governador Gladson Camelí
Como governador, cidadão e pai, determinei ao secretário de Saúde, o afastamento imediato da equipe médica responsável pela verificação do óbito da criança e instalação de uma investigação minuciosa dos fatos.
Os pais e a população não ficarão sem resposta.
Aos pais e familiares, a minha solidariedade e garantia de que, havendo culpados, estes não ficarão impunes!
No momento, todos os esforços do Estado são para salvar a vida da criança que está assistida pelos melhores profissionais e com todos os equipamentos necessários.
Gladson de Lima Camelí
Governador do Estado do Acre


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