O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulgou nesta terça-feira (17) a ata da reunião da semana passada, quando aumentou em 1 ponto percentual a taxa de juros.
No documento, os diretores da autoridade monetária defenderam o “firme compromisso” de convergência da inflação à meta e projetaram mais duas altas similares da taxa Selic nas reuniões de janeiro e março.
Caso as decisões sejam confirmadas, os juros chegarão a 14,25% ao ano em março do ano que vem.
“O comitê então decidiu, unanimemente, pela elevação de 1 ponto percentual na taxa Selic e pela comunicação de que, em se confirmando o cenário esperado, antevê ajuste de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, informou o documento.
A alta é a terceira consecutiva desde setembro, e a maior desde maio de 2022, quando o comitê também tinha aumentado a Selic em 1 ponto percentual. A decisão veio alinhada às expectativas do mercado financeiro, que projetava a elevação dos juros.
A nova taxa valerá ao menos pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.
O desafio da inflação
No comunicado, o Copom afirmou que vê o cenário de inflação “mais desafiador em diversas dimensões”.
Os diretores citaram um cenário de “atividade resiliente” com dinamismo maior do que esperado, como evidenciado na divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, e o aquecimento do mercado de trabalho, com aumento da população ocupada e queda da taxa de desemprego.
“O ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo indica uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso, apesar da política monetária contracionista”, diz o texto.
Alta nos preços
O Banco Central também relata que o cenário de inflação de curto prazo “se deteriorou”. A avaliação decorre da alta “significativa” dos preços dos alimentos, em função da inflação das carnes.
“Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira.”
O comunicado também cita o cenário externo “desafiador”, com incertezas econômicas e geopolíticas relevantes. “Com relação aos Estados Unidos, permanece a incerteza sobre o ritmo da desinflação e da desaceleração da atividade econômica”.
Segundo o Copom, em paralelo a isso, a possibilidade de mudanças na condução da política econômica também traz “adicional incerteza” ao cenário, particularmente com possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e introdução de tarifas à importação.