Um estudo realizado pelo World Weather Attribution (WWA) revelou que as mudanças climáticas aumentaram significativamente a probabilidade de eventos climáticos extremos atingirem o Rio Grande do Sul. As chuvas intensas que assolaram o Estado entre abril e maio foram até 9% mais intensas devido ao aquecimento global. O El Niño também teve um papel importante na intensificação dessas precipitações.
As enchentes que afetaram mais de 90% do Rio Grande do Sul em menos de um mês resultaram em 172 mortes e mais de meio milhão de desalojados. Os pesquisadores analisaram dados meteorológicos e simulações computadorizadas para comparar o clima atual, cerca de 1,2°C mais quente do que na era pré-industrial, com o clima do passado.
O estudo identificou que o evento extremamente raro que ocorreu no Rio Grande do Sul é esperado apenas uma vez a cada 100-250 anos, mesmo no clima atual. No entanto, sem as emissões de gases de efeito estufa, o evento seria ainda mais raro. O aquecimento global aumentou em duas vezes a probabilidade de chuvas extremas e as tornou de 6% a 9% mais intensas. Outras pesquisas realizadas na região Sul do Brasil já haviam demonstrado mudanças na intensidade e frequência de chuvas extremas. O estudo do WWA também apontou que a falha na infraestrutura da região contribuiu significativamente para os danos causados pelas chuvas. A falta de manutenção dos diques e estações de bombeamento de água da chuva agravou a situação.
A pesquisa projetou possíveis cenários futuros caso as emissões de gases estufa não sejam reduzidas rapidamente. Se as temperaturas globais aumentarem 2ºC em comparação aos tempos pré-industriais, eventos de chuva semelhantes serão duas vezes mais prováveis do que são hoje. A transição para fontes de energia limpa e a adaptação às mudanças climáticas são essenciais para mitigar os impactos desses eventos extremos.