Na sexta-feira (9), a Polícia Civil (PC-PR) revelou detalhes sobre as mortes de Marley Gomes de Almeida, de 53 anos, e da neta dela, Ana Carolina Almeida Anacleto, de 11.
O crime aconteceu no dia 22 de março. Esta é a primeira vez que são divulgadas informações sobre o que aconteceu no duplo homicídio registrado em Jataizinho, no norte do Paraná.
As duas foram encontradas mortas em casa e, segundo a polícia, havia um pedido de desculpas escrito com sangue na parede do quarto, ao lado dos corpos.
Na quinta-feira (8), a Secretaria de Segurança Pública (SESP-PR) do Paraná divulgou que João Vitor Rodrigues, de 24 anos, confessou ter assassinato Marley e Ana Carolina. Ele está preso por tráfico de drogas, e, na época do crime, havia sido liberado temporariamente.
Antes disso, outro homem havia sido preso no dia 26 de março. Ele foi considerado suspeito após ser flagrado em um vídeo de câmera de segurança passando próximo a casa das vítimas no dia do crime.
Antes de ser preso, o homem havia sido agredido por moradores de Jataizinho, que acreditaram que ele fosse o autor do assassinato. Depois, a prisão temporária dele foi prorrogada, com a justificativa de “garantir a regularidade na coleta de provas e para preservar sua integridade física, diante da grande repercussão do caso e da intensa comoção pública”, de acordo com uma nota divulgada pela polícia.
O advogado dele já solicitou o alvará de soltura e aguarda um retorno da Justiça.
Como os corpos foram encontrados?
Segundo a Polícia Militar (PM-PR), as vítimas foram encontradas mortas dentro de casa pelo filho de Marley, quando ele foi ao endereço para visitar a mãe no dia 22 de março.
De acordo com o registro, avó e neta estavam deitadas na cama com sinais de violência. As duas tinham lenços amarrados no pescoço e foram cobertas por um edredom.
Um pedido de desculpas estava escrito com sangue na parede, ao lado dos corpos. No final da mensagem havia um nome escrito.
“Deculpa mae (sic)”, dizia o recado.
Como a polícia encontrou o principal suspeito?
O delegado Vitor Dutra disse que foram colhidos 37 depoimentos durante as investigações. Com esses relatos, João Vitor Rodrigues, de 24 anos, começou a ser investigado por ter histórico criminal e morar próximo à casa de Marley.
O suspeito está preso pelo crime de tráfico de drogas, e, na época do crime, havia sido liberado temporariamente.
Quando retornou ao presídio, após os corpos serem encontrados, ele ligou para a mãe e contou ter assassinado Marley e Ana porque não estava aguentando o “peso” de ter cometido o duplo homicídio, segundo o delegado.
A mãe de João ligou para a delegacia e denunciou o próprio filho, ação que fez a investigação sobre ele ser aprofundada.
Em seguida, o homem foi ouvido novamente e confessou.
As datas dos eventos citados acima não foram divulgadas.
De acordo com a confissão, como foi o crime aconteceu e qual foi a motivação?
João contou em depoimento que, durante a noite do dia 21 de março, usou um balde para conseguir pular a janela da casa de Marley e entrar na sala. No cômodo, ele encontrou a bolsa da vítima e furtou aproximadamente R$ 100.
Ele contou ao delegado que resolveu, então, percorrer outras partes da casa para encontrar objetos de valor. Foi neste momento que encontrou Marley e Ana dormindo no quarto.
“Ele [João] amarra elas [Marley e Ana] na cama e tenta tranquilizar elas dizendo que posteriormente iria liberar elas”, explicou o delegado em entrevista coletiva.
Entretanto, João disse que mudou de ideia porque ficou com medo de ser reconhecido e sofrer represálias por ter cometido um crime contra uma pessoa moradora do bairro em que ele também vivia.
Por isso, segundo a confissão, ele matou avó e neta com golpes de faca.
O suspeito usou um perfume de Marley para apagar digitais que pudessem estar na cena do crime. O delegado confirmou em entrevista que a perícia não localizou as marcas.
João voltou para a casa na madrugada do dia 22 de março, fingiu que estava dormindo e não contou o que havia feito. Depois, retornou ao presídio.
O que significava o pedido de desculpas escrito com sangue na parede?
O delegado Vitor Dutra explicou que o pedido de desculpas escrito com sangue na parede foi direcionado a duas pessoas: à mãe do suspeito e ao filho de Marley.
As investigações mostraram que João era amigo de um dos filhos de Marley, que é conhecido no bairro por um apelido. Por isso, ele se sentiu culpado e escreveu um nome semelhante ao que o rapaz é chamado para pedir perdão.
Ou seja, o nome não era uma assinatura, mas, sim, um complemento ao recado.
O que aconteceu com o homem que foi agredido e considerado suspeito no início da investigação?
No dia 26 de março, um homem, de 42 anos, foi agredido por moradores de Jataizinho que o consideravam suspeito de ter cometido o duplo homicídio.
Segundo o delegado Vitor Dutra, um vídeo de câmera de segurança de uma conveniência próxima à casa da vítima “vazou” e mostrava o homem passando pela região no dia do crime.
“O vídeo é bem ruim. Ele está na posse de duas coisas que podem ser interpretadas como uma faca. Não tem como a gente estabelecer que é uma faca ou não porque a imagem é de péssima qualidade. Então, a população já julgou que ele era culpado pelo crime […]. Mas, pela investigação, ele não tinha nem capacidade de escrever […]”, disse o delegado Vitor Dutra.
À época, a prisão temporária – e a prorrogação dela – foi justificada para “garantir a regularidade na coleta de provas quanto para preservar sua integridade física, diante da grande repercussão do caso e da intensa comoção pública”, de acordo com uma nota divulgada pela polícia.
O advogado Claudinei de Oliveira Cabral, que representa o homem, disse à RPC nesta sexta-feira (9) que solicitou alvará de soltura e aguarda um retorno da Justiça.
A partir de agora, o que acontece?
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR) informou que o pedido de prisão preventiva contra João Vitor Rodrigues foi protocolado na tarde desta quarta-feira (7). Não foi divulgado se o pedido foi concedido. Entretanto, o suspeito já está preso pelo crime de tráfico de drogas.
O inquérito deve ser concluído para ser enviado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), mas não foi estabelecida uma previsão para isso.
Também é aguardada a confirmação se o primeiro preso será liberado.