Ainda antes de medidas do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como prisão e deportação de imigrantes do Brasil e de outros países, o número de brasileiros que tinham buscado abrigo na Europa já havia crescido 29%, como aconteceu entre 2020 e 2023. Conforme dados do Ministério do Exterior, dessa forma, os imigrantes do Brasil na Europa haviam passado de 1,3 milhão para 1,6 milhão de pessoas e Portugal havia sido o principal destino, com a comunidade brasileira praticamente dobrando no período. Em Portugal, os brasileiros eram 276 mil em 2020 e 275 mil em 2021, os anos mais difíceis da pandemia de Covid 19. Depois disso, o número de imigrantes brasileiros saltou para 360 mil em 2022 e chegou a 513 mil em 2023, último estudo anual da Comunidade Brasileira no Exterior. Essa realidade foi e continua sendo dimensionada pelas empresas que prestam assessoria na obtenção de cidadania portuguesa.
A empresa Cidadania 4U, por exemplo, revela que o número de clientes e dos contratos firmados saltou 107% nos dois anos em que prestou o serviço, passando de 380 em janeiro de 2023 para 787 em janeiro de 2025. Já a Cidadania Luso, que está no mercado de imigração no país há mais tempo, registrou aumento de 55% nos novos contratos. Para isso, segundo seus dirigentes, contribuíram as facilidades para se mudar para Portugal, começando pela linguagem e legislação local abrir mais portas para estrangeiros. Mudanças na legislação adotadas em 2024, tornaram o processo migratório menos rígido e diminuíram alguns prazos mínimos para solicitar a cidadania. Esse processo, que é feito via Conservatório dos Registros Centrais em Portugal, leva entre um e dois anos para filhos de imigrantes e de dois a três anos para netos.
O processo de registro é mais barato conforme o grau de parentesco da criança com os solicitantes. O custo varia entre 3,7 mil reais, para filhos; e até 10 mil reais para cônjuges. Com isso, muitos brasileiros imigram
com as famílias inteiras para Portugal, realizando o sonho de viver, estudar e construir uma nova vida na Europa, principalmente pelos filhos e netos. Prova disso é que além de Portugal, brasileiros miram toda a União Europeia. Em 2023, por exemplo, os imigrantes brasileiros em Portugal eram 513 mil; no Reino Unido, 230 mil; na Alemanha, 170 mil; na Espanha, 161,9 mil; e na Itália,159 mil. Depois disso, empresas especializadas na imigração de brasileiros viram os pedidos de cidadania italiana subirem 99% de 2020 a 2025. Somente em janeiro deste ano, foram 295 novos processos iniciados. O custo é maior que o de Portugal, podendo chegar a 50 mil reais. Já na Espanha o preço é mais acessível, em torno de 4,5 mil reais.
Os novos cidadãos europeus, nascidos brasileiros ou não, se beneficiam de acordo da União Europeia pelo qual podem viver, trabalhar e estudar num dos 27 países-membros, sem enfrentar burocracia extra. Devido às dificuldades da economia do País e vida moderna, muitos brasileiros ainda jovens desejam migrar para região mais desenvolvida. Mesmo antes de saber onde querem morar, têm certeza que o continente europeu é bom começo e, por isso, procuram por vagas de emprego nos seus países. Muitos com sobrenome europeu herdado de pais, avós, bisavós ou tataravós, lideram processos de migração da família, para que todos tirem dupla cidadania e, no futuro, tenham flexibilidade imigratória.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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