Data Atual
Search
Close this search box.
Search
Close this search box.

Investir em culturas de inverno pode ser melhor que deixar terra em ‘repouso’ para culturas de verão, diz especialista

No Paraná, as culturas de inverno de destaque são os cereais trigo, triticale, aveia e cevada, além da batata.
(Foto: CNA/Wenderson Araújo/Trilux)

Para além de uma fonte de renda, a cobertura do solo durante o inverno com culturas adaptadas ao período pode ser uma boa alternativa para produtores economizarem e deixarem o solo favorável para a produção das culturas de verão.

De acordo com a engenheira agrônoma e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC PR), Fernanda Bastos, a plantação de culturas de inverno é melhor que deixar a terra no chamado “pousio”, equivalente ao descanso do solo.

A engenheira explica que entre os benefícios do plantio de inverno, está a redução da erosão do solo e aumento da produção de palhada no sistema de plantio direto.

No Paraná, as culturas de inverno de destaque são o trigo, triticale, aveia, cevada e batata. Para investir, entretanto, os produtores precisam ficar atentos ao clima, uma vez que a cultura de inverno exige cuidados específicos.

“Devemos nos atentar para as baixas temperaturas, tanto do solo quanto da atmosfera, uma vez que as temperaturas mais baixas podem aumentar o tempo que as sementes levam para germinar e emergir.”

Outro cuidado a ser tomado é quanto a chuva. Se houver previsão de muita chuva para a região do plantio, o cenário será propício para o surgimento de fungos – tanto no solo, quanto nas plantas.

“Nesse caso, podemos fazer o uso de cultivares resistentes às baixas temperaturas, impedindo que as plantas fiquem doentes com facilidade por conta do excesso de umidade.”

Nos Campos Gerais, Tibagi é conhecida como Capital Nacional do Trigo pela posição de destaque que ocupa na produção do cereal. Na safra 2022/2023, segundo dados do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), a cidade alcançou 34 mil hectares de área plantada e uma produção de 108 mil toneladas.

De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), para a safra atual de trigo no estado, há expectativa de colheita de 3,8 milhões de toneladas. O número representa 4% a mais que as 3,6 milhões de toneladas da safra 2022/23.

No caso da cevada, a estimativa é que a produção passe de 278 mil toneladas para 334,6 mil.

Produtor precisa conhecer a realidade de onde planta
Apesar do destaque do trigo no estado, em Ortigueira, o produtor Fábio Henrique optou por deixar a cultura de lado neste inverno e investir em aveia preta, nabo forrageiro e centeio, que também são culturas indicadas para a época.

Segundo ele, as culturas que escolheu são mais “rústicas”, sem exigir muitos cuidados além do que já é necessário em uma lavoura.

No caso da aveia preta, cita como exemplos de cuidado a necessidade de fazer a limpeza da área para combater ervas daninhas, realizar até duas aplicações de fungicida, além da necessidade de utilizar inseticida para afastar lagartas.

Se tivesse investido em trigo, o produtor acha que precisaria ter mais cuidado para evitar doenças na plantação.

“As doenças do trigo hoje que mais incomodam são o oídio, o complexo de mancha folhar e a ferrugem. Repetir trigo sobre trigo também dá problema de bacteriose.”

Para a professora Fernanda, algumas doenças aparecerem mais nas culturas de inverno e não afetarem tanto as culturas de verão têm relação com as condições climáticas específicas de cada estação.

Veja também