Dois irmãos que viviam em condições análogas à escravidão foram resgatados de uma propriedade rural em São José do Cerrito, na Serra Catarinense. Força-tarefa liderada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-SC) atestou as condições precárias do local, com os dois dividindo um barraco onde vivem os animais da fazenda, além de nunca terem recebido pela função, sendo pagos, segundo um deles, “apenas com cachaça em troca do trabalho”.
Um dos irmãos trabalhava há sete anos no local e o outro há dois meses. Ambos desenvolveram dependência de álcool.
O patrão e responsável pela propriedade foi preso em flagrante. O nome dele não foi informado pelo MPT-SC, por isso o g1 não localizou os advogados.
Sobre o barraco onde viviam, os fiscais encontraram um banheiro improvisado, sem condições de habitação. O espaço era o mesmo das estrebarias de bezerros e ovelhas da propriedade. Os dois irmãos e os animais eram divididos apenas por ripas de madeira. Ao lado, também havia um estábulo de porcos.
“Trabalho realizado num espaço tomado por fezes de animais”, afirma o Procurador do Trabalho Acir Alfredo Hack.
Em conversas com os dois, os fiscais identificaram que o irmão com mais tempo na propriedade fazia serviços gerais e era encarregado de cuidar dos animais. O mais novo foi “contratado” para quebrar pedras e fazer o piso num dos estábulos do barraco.
O patrão dos irmãos seguirá preso, segundo o MPT-SC, até que as dívidas trabalhistas sejam regularizadas e as rescisões quitadas. A diligência será finalizada após apresentação de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC).
A força-tarefa que realizou o resgate é composta por Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Polícia Federal e representantes dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador local e regional.