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Aprendendo com o modelo do censo do agronegócio paulista – Dilceu Sperafico

O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado.
(Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Iniciativa do Estado de São Paulo deveria servir de modelo ou exemplo para outras unidades da federação, especialmente as mais destacadas na produção agropecuária. Trata-se do Projeto Integrar ou censo do agronegócio paulista, que será realizado nos próximos dois anos. No levantamento, propriedades rurais serão visitadas para registro de práticas e definição de estratégias de diversificação da produção, segurança na atividade e reflexos do êxodo rural, na busca pela maior excelência na atividade produtiva. Será verdadeira radiografia do agronegócio paulista que está sendo programada com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), que representa 236 sindicatos rurais.
O Projeto Integrar visitará 410 mil propriedades rurais em todo o Estado ao longo de 24 meses, para mapear as culturas, o preparo da terra e a força de trabalho no campo. A ação será realizada em parceria do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Entre os objetivos da iniciativa estão a identificação de vocações regionais e o incentivo ao desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais (APLs), que são o conjunto de estabelecimentos que desenvolvem atividades econômicas similares num mesmo território, o que facilita a sinergia de esforços e investimentos. Com isso, espera-se impulsionar a diversificação de produtos do agro paulista, reduzindo a dependência de culturas fortemente predominantes, como cana-de-açúcar, café e laranja.
As visitas do Projeto Integrar serão aproveitadas também para avaliar o nível de conectividade das propriedades rurais, requisito obrigatório para a adoção de novas tecnologias no campo. Estima-se que 45% das propriedades do Estado ainda não disponham de sinal de internet acessível em toda a sua área. O total de 700 pesquisadores que cumprirá os roteiros sob orientação de 250 supervisores, terá ainda a incumbência de prestar orientações sobre o Código Florestal e a importância da homologação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), base de dados que monitora e combate desmatamento de florestas no País. Será um trabalho relevante em várias frentes, inclusive no direcionamento de cursos para que os estabelecimentos rurais busquem aumento de produtividade.
A capacitação dos trabalhadores e produtores rurais é realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), de São Paulo, que oferece mais de 400 cursos desenvolvidos em parceria com os sindicatos afiliados à Faesp. Com duração que pode ir de 10 horas a nove meses, os cursos trabalham não apenas questões diretamente ligadas à atividade agropecuária, mas também a gestão de negócios no meio rural. No ano passado, foram emitidos mais de 350 mil certificados para os participantes dos cursos do Senar SP.
O Projeto Integrar faz parte de esforço para aumentar a segurança alimentar da população paulista e reduzir o êxodo rural, combatendo a crescente escassez de força de trabalho no campo. Essas estratégias envolvem também as comissões técnicas, compostas por especialistas de diversas culturas do agro para estudar problemas do setor e propor soluções, que podem ser desde ações pontuais até políticas públicas. Alguns exemplos de grupos do campo são a Semeadoras do Agro, que trata do empreendedorismo feminino, e a Faesp Jovem, que atua na sucessão familiar nas propriedades rurais. Realmente muito interessante e promissor o Projeto Integrar.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

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