Um corretor de imóveis que atuava em Navegantes, no Litoral Norte de Santa Catarina, foi preso preventivamente suspeito de vender o mesmo imóvel para diferentes pessoas, além de se apropriar de valores que deveriam ser repassados aos proprietários. Uma das vítimas, segundo a Polícia Civil, relatou prejuízo de R$ 212 mil.
A prisão preventiva ocorreu na sexta-feira (14), mas foi divulgada somente na segunda (17) pela Polícia Civil.
O corretor, Daniel Neves da Silva, conhecido como Daniel Sorriso, foi indiciado por estelionato e apropriação indébita. O g1 não conseguiu contato com a defesa dele.
Segundo o delegado Osnei de Oliveira, responsável pela investigação, uma quantia de R$ 540 mil foi bloqueada do suspeito para ressarcir prejuízos causados às vítimas.
O delegado acrescentou que as investigações começaram em dezembro de 2024, quando as primeiras vítimas registraram boletins de ocorrência.
“Sete vítimas registraram o boletim de ocorrência. Só que como tem vários imóveis que ele vendeu e estava recolhendo os valores sem esses imóveis serem entregues, agora estão em situação de construção, então tem muita gente que está pagando e acreditando que vai receber”.
Durante as investigações, a polícia identificou uma série de indícios, que apontam que o corretor também se apropriava de valores que deveriam ser repassados aos proprietários dos imóveis, tanto a título de arras [garantia de contrato], quanto de aluguéis, além de enganar as vítimas, recolhendo somas em dinheiro para supostamente pagar custas de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).
“Ele pegava um contrato ou uma autorização para venda e aí fazia essa venda e recebia na conta dele, sem que o verdadeiro proprietário recebesse. E também pedia dinheiro para supostamente regularizar, fazer o adiantamento de pagamento de IPTU. Alguns ali eram financiados ou parcelados, ele informava que teria um desconto caso tivesse a quitação. E as vítimas acabam fazendo o adiantamento dos pagamentos”, completou o delegado.
O suspeito tinha uma empresa. Segundo a Polícia Civil, após lesar diversas pessoas, ele encerrou abruptamente as atividades da DS Imobiliária, mas continuou as atividades profissionais, praticando os mesmos crimes.
Recentemente, o indiciado constituiu em nome da esposa outra empresa com atuação no ramo imobiliário, visando com isso continuar a atuação no mercado imobiliário.
Durante as investigações, foi cumprido mandado de busca e apreensão, e diversos documentos foram apreendidos e serão analisados. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santa Catarina (Creci-SC) foi acionado e ajudou nas apurações.
Em nota, o Creci disse que “colaborou com a Polícia Civil em diversas etapas da operação” e que “ouviu os relatos de consumidores, recebeu as denúncias e orientou que fizessem boletins de ocorrência na Polícia Civil e denúncias formais”.