Há 43 anos, o mundo assistiu ao desaparecimento de um dos mais majestosos monumentos da natureza. Os Salto das Sete Quedas, localizadas no Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai, perderam sua forma original quando o reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu foi formado.
O canal principal da formação natural media cerca de quatro quilômetros de extensão. Além disso, alcançava profundidades entre 140 e 170 metros. Esse espetáculo reunia dezenove saltos agrupados em sete blocos, razão pela qual o conjunto ficou conhecido como “Sete Quedas”.
Na época, a cidade de Guaíra se tornou um dos destinos turísticos mais visitados do Brasil, justamente por abrigar esse patrimônio natural extraordinário. Entretanto, em 1966 a assinatura da Ata do Iguaçu determinou o caminho para a construção da usina e, consequentemente, para o alagamento das quedas.
Em 13 de outubro de 1982, o processo de represamento das águas do Rio Paraná teve início. O enchimento não cessou durante 14 dias, fato que acelerou o desaparecimento das Sete Quedas. No dia 27 de outubro, o último centímetro de rocha foi encoberto e o silêncio tomou o lugar do estrondo das águas.
Das quedas ao lago
Hoje, as Sete Quedas não existem fisicamente. Em seu lugar fica o vasto lago de Itaipu. Contudo, o legado dessa perda persiste. A inundação representa um dos episódios mais emblemáticos de impacto ambiental. Por essa razão, ela serve como símbolo da tensão entre progresso tecnológico e preservação natural.
Esse capítulo da história não visa apenas lamentar, mas provocar reflexão. O desaparecimento do monumento nos lembra que a natureza não é inexaurível. Em muitos sentidos, o que foi perdido não poderá ser recuperado, e esse reconhecimento exige responsabilidade humana para com o meio ambiente.
Além disso, a cidade de Guaíra e toda a região continuam lidando com a ausência das Sete Quedas. O vazio deixado pelas quedas transformou a economia local e os modos de vida. Ainda que a comunidade tenha buscado novas formas de desenvolvimento turístico e cultural, a saudade permanece.
Manter viva a memória
Portanto, manter viva a memória das Sete Quedas significa valorizar a biodiversidade, respeitar os ecossistemas e entender que o progresso deve coexistir com a natureza. Vitalmente, esse aprendizado ecoa para futuras decisões de infraestrutura que impactam o meio ambiente.
O maior crime ambiental do planeta mostra o exemplo e reforça a necessidade de lembrança constante, para que, no futuro, a humanidade nunca coloque a ganância acima do valor ambiental da Terra.
Para marcar os 43 anos sem as Sete Quedas, a Prefeitura de Guaíra divulgou um texto de Cíntia Marques nas redes sociais que emocionou muitas pessoas que o leram.
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