O agronegócio brasileiro continua surpreendendo positivamente os próprios produtores rurais, consumidores, especialistas da atividade e autoridades. A última novidade é o aluguel ou arrendamento de abelhas para distribuição em propriedades rurais e polinização de macieiras, visando o aumento da produção, sustentabilidade e melhoria da qualidade das maçãs colhidas.
A negociação inédita aconteceu em Vacaria, no Rio Grande do Sul, onde foram alugadas ou arrendadas por um ano mais de 5,5 mil colmeias ou 300 milhões de abelhas da espécie Apis melífera, para serem distribuídas em 1,5 mil hectares de plantações de macieiras e otimizar a polinização e melhorar o padrão dos frutos. Conforme especialistas, a polinização é uma das fases mais importantes no cultivo da maçã e em Vacaria está recebendo reforço especial na safra de 2025. As abelhas e outros polinizadores são responsáveis por parcela da produção de alimentos do Brasil
Com a melhor polinização o objetivo é garantir que a florada das macieiras, a partir da 2ª quinzena de setembro, resulte em frutos mais uniformes, com calibre adequado e melhor qualidade comercial. O manejo da operação está sendo conduzido por uma das maiores produtoras de maçãs do Brasil, com atuação na fruticultura desde os anos 1970. As caixas-ninho ou colmeias foram distribuídas com a média de cinco unidades por hectare, o que proporciona polinização mais eficiente durante o período de abertura das flores e formação dos frutos. Mesmo como negociação inesperada, o aluguel de abelhas é atividade cada vez mais comum na fruticultura do País. Produtores rurais contratam empresas especializadas que fornecem colmeias já estabelecidas, transportam-nas para os pomares no período da florada e monitoram a saúde das colônias durante todo o ciclo. Esse movimento aumenta o pegamento das flores e melhora a fecundação, impactando diretamente a quantidade, o tamanho e a uniformidade das maçãs.
Conforme especialistas, essa interação natural entre plantas e insetos eleva a produtividade e resulta em frutos de maior qualidade e valor de mercado. Além disso, a prática contribui para um manejo mais sustentável, ao reduzir a dependência de métodos artificiais e fortalecer o equilíbrio do ecossistema e a sustentabilidade do pomar. Desa forma, o Brasil segue batendo recordes na produção de mel, com o crescimento da atividade em diversos Estados. O Paraná, por sinal, já é o maior produtor de mel do País. De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024, o Estado produziu 9,8 mil toneladas de mel, 16% a mais do que em 2023. A informação também fez parte do Boletim Semanal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O desempenho reforça a força da apicultura paranaense, que convive com desafios como clima adverso, uso de agrotóxicos, desmatamento e poluição ambiental. Ainda assim, o setor mantém crescimento constante, demonstrando a diversidade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro e paranaense, beneficiando produtores, consumidores e o crescimento da economia e do bem-estar social do País. No Oeste do Paraná, que concentra a maior produção agropecuária do Paraná, com a diversificação da atividade se poderá também passar a cultivar frutíferas e talvez até alugar abelhas, ainda antes do que imaginamos.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado
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